quarta-feira, 30 de janeiro de 2013

Gás Cianeto na tragédia de Santa Maria!

Um pedido de doação de medicamento, feito pela diretora de enfermagem do Hospital Universitário de Santa Maria, Soeli Terezinha Guerra, 50, ajudou a esclarecer a natureza dos sofrimentos impostos aos jovens feridos e mortos no incêndio da boate Kiss. 

 Hidroxocobalamina é o nome do medicamento solicitado. Serve para combater a intoxicação causada pelo gás cianeto, o mesmo usado nas câmaras de gás nazistas, durante a Segunda Guerra Mundial. 

Era o princípio ativo do tristemente famoso Zyklon B dos campos de extermínio.
Segundo o pesquisador Anthony Wong, diretor médico do Ceatox (Centro de Assistência Toxicológica do Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina da USP) trata-se de um dos venenos mais letais, por sua capacidade de paralisar os mecanismos de produção de energia das células, matando-as. 

Pois o cianeto apareceu junto com a fuligem e o monóxido de carbono dentro da Kiss, como consequência da combustão dos materiais usados no revestimento acústico. 

"Não tem cheiro nem cor e é capaz de matar em um prazo curtíssimo, de quatro a cinco minutos", explica Wong. 

 A detecção do cianeto é feita por análises químicas. Mas essa suspeita já existia mesmo antes da confirmação laboratorial. "É que o gás é subproduto da combustão de materiais como espuma de poliuretano, usada em revestimentos baratos com finalidades acústicas", diz Wong. 

Revestimentos acústicos de boa qualidade são antichamas e não inflamáveis, portanto não produzem o cianeto. 

A enfermeira Soeli disse ontem à Folha que o Hospital Universitário de Santa Maria já recebeu doações da hidroxocobalamina em quantidade suficiente para o tratamento dos pacientes lá internados (até ontem em número de 11). 

Mas o toxicologista da USP considera inaceitável que o principal hospital público da cidade tenha de ter contado com doações. "Na França, todos os serviços de pronto-socorro estão equipados com a hidroxocobalamina para tratar intoxicações por cianeto." 

Ele explica que, no Brasil, o medicamento (comercializado sob o nome de Rubranova) é de difícil acesso porque o laboratório que importava o sal parou de fazê-lo, e o país não o produz. Nas farmácias, o sal também não é vendido. 

No Hospital Universitário, três pacientes ainda necessitam de ventilação mecânica, para conseguir respirar. E ainda há o risco de sequelas causadas por lesões nas células nervosas, fruto da falta de oxigênio. Esse é um resultado possível da intoxicação por cianeto, uma vez que o veneno mata as células que entram em contato com ele. 

O mais cruel do veneno é que, sem cheiro nem cor, muitos jovens acabaram intoxicados, achando que estavam protegidos por máscaras improvisadas com roupas molhadas enroladas no rosto. Se conseguiu barrar boa parte das partículas de fuligem, diz Wong, esse expediente foi absolutamente inútil contra o cianeto.( Autora LAURA CAPRIGLIONE :Publicado na  Folha de São Paulo em 30/01/2013)


Ácido cianídrico ou ácido prússico é o veneno de ação mais rápida que se conhece.

A toxicidade do íon cianeto (HCN) é conhecida há mais de dois séculos; porém, os compostos que contém cianeto são tóxicos somente se liberarem HCN numa reação. Sem dúvida alguma, o ácido cianídrico ou ácido prússico é o veneno de ação mais rápida que se conhece.


Muitos autores e histórias policiais têm utilizado, em suas obras, os cianetos de sódio ou potássio para provocar mortes misteriosas de alguns personagens. Na literatura de espionagem, por exemplo, que esteve muito em moda a partir da 2a Guerra Mundial até o fim da Guerra Fria, os espiões tinham uma cápsula desses sais embutida em cavidades dentárias. Quando presos pelo inimigo, os espiões deveriam ingerir a cápsula, a fim de evitar, pela própria morte, a revelação dos segredos durante o interrogatório.

Quando a cápsula atinge o estômago, o sal reage com o ácido clorídrico presente no suco gástrico:
NaCN(s) + HCl(aq) ⇒ HCN(g) + NaCl(aq) 

Por ingestão, a dose capaz de provocar a morte é de 1 mg por quilograma de massa corpórea. Por inalação, uma concentração de 0,3 mg por litro de ar mata entre 3 e 4 minutos.

Veja também a publicação:

Resumo:

 O presente trabalho visa comparar assentos automobilísticos feitos de manta de fibra de coco com látex (MFCL) em relação à espuma de poliuretano (EPU), avaliando a possibilidade do primeiro substituir o segundo, devido ao fato da fibra natural ser biodegradável e renovável. Esses materiais foram submetidos à análise termogravimétrica (TGA), pirólise e análise dos produtos de pirólise por cromatografia gasosa acoplada ao espectrômetrode massa. Verificou-se que a pirólise a 800oC apresentou grande número de gases tóxicos, e comparando os materiais observou-se que a EPU emitiu gases mais tóxicos na combustão que aqueles produzidos pelos outros materiais sob as mesmas condições, tais como o cianeto de hidrogênio e compostos de nitrila. Quanto às análises de TGA, verificou-se que acima de 270oC inicia-se a degradação térmica de todos materiais.

Link do trabalho completo:

http://www.abes-dn.org.br/publicacoes/engenharia/resaonline/v10n02/v10n02a07.pdf 








Uma excelente proposta para recuperar nossas escolas públicas!


Quando se ouve dizer que um grupo de escolas na Califórnia, chamado genericamente de HTH (High Tech High), capturou a atenção de pessoas como Barack Obama, Oprah Winfrey e Bill Gates, a primeira coisa que se pode pensar é que elas devem se destacar por ter tudo o que de mais moderno pode haver em salas de aula. Até é, mas não só. A proposta dessa rede, que começou em 2000 e hoje é formada por 11 escolas e uma instituição de pós-graduação para professores, se baseia em quatro pilares que têm sido apontados por especialistas em educação como essenciais para formar alunos para o século 21: personalização, conexão com o mundo, interesse comum em aprender e professor como designer do aprendizado.

 “Nós temos computadores em todas as salas e excelentes laboratórios, mas nosso diferencial não está aí”, diz Robert Khul, diretor de uma das unidades, a High Tech High Media Arts. O primeiro passo, afirma o educador, está no processo de admissão. Por serem charters, escolas públicas de administração privada, elas são gratuitas para todos os seus cerca de 4.500 alunos. No entanto, pelos bons resultados que a escola vem acumulando – no ano passado, por exemplo, 100% dos alunos foram aceitos em uma universidade – há mais candidatos do que as escolas são capazes de receber. São duas unidades de fundamental 1, quatro de fundamental 2 e cinco de ensino médio, todas muito procuradas. A solução que a direção encontrou foi fazer um sorteio respeitando um critério que procura atender a todas as áreas da região onde as escolas estão. Assim, afirma Kuhl, a escola garante que seu corpo de alunos seja bem diverso e integre classes sociais diferentes. “Aqui nós temos filhos de milionários e filhos de pessoas que não têm onde morar”, diz.

Outro fator que explica o sucesso da escola, defende o diretor, é a aposta na personalização, baseada tanto no contato direto entre professores e alunos quanto em recursos virtuais. “Mantemos uma proporção baixa de alunos por professor”, diz Kuhl. Além disso, a cada aluno da HTH é designado um monitor, que se torna responsável por fazer um acompanhamento individualizado de interesses acadêmicos específicos. Com tal integração entre alunos e professores, as partes se sentem corresponsáveis pelo processo de aprendizagem e cumprem o segundo dos pilares da escola: interesse comum em aprender. No mundo virtual, os alunos são estimulados a manterem suas produções em um portfólio digital, acessível a qualquer um.

Nesse sistema de relações, a presença de professores qualificados é fundamental. Por isso, a escola percebeu a necessidade de ter sua instituição de ensino superior para formar e atualizar seus profissionais. “A missão da HTH Graduate School of Education é preparar líderes reflexivos, capazes de desenvolver ambientes de aprendizagem inovadores, autênticos e rigorosos”, diz a instituição em seu site. É ali, dividindo espaço físico com as escolas, que o contato com a prática ocorre e os professores aprendem, reaprendem e reciclam métodos.

 Sem livros-texto pré-determinados, são eles os responsáveis por guiar o aluno, o que é o quarto dos pilares da HTH. “Nós somos atentos, mas não escravos do currículo nacional”, diz Kuhl. Assim, explica ele, a escola sugere que, em vez de blocos de 50 minutos, as aulas sejam mais longas, facilitando o desenvolvimento do aprendizado baseado em projetos. E algumas disciplinas são agrupadas “porque é assim que elas vão aparecer na vida”, diz Kuhl, reforçando mais um dos pilares da escola, a conexão com o mundo lá fora. Por isso, matemática e física costumam ser ensinadas juntas para alunos do ensino médio. Isso também ocorre com a disciplina de humanidades, que reúne história, filosofia e língua inglesa. Até fisicamente a escola foi pensada para facilitar os arranjos diferentes das salas de aula tradicionais, com espaços para atividades manuais, para reunião de grupos pequenos, para trabalhos individuais e para apresentações.(Texto de  Patrícia Gomes-Porvir)

 
Mission
High Tech High’s mission is to develop and support innovative public schools where all students develop the academic, workplace, and citizenship skills for postsecondary success.


High Tech High Goals


At each HTH school, our goals include:

  • Serve a student body that mirrors the ethnic and socioeconomic diversity of the local community.
  • Integrate technical and academic education to prepare students for post-secondary education in both high tech and liberal arts fields.
  • Increase the number of educationally disadvantaged students in math and engineering who succeed in high school and post-secondary education.
  • Graduate students who will be thoughtful, engaged citizens.

The goals for the HTH central organization include:

  • Support the development of excellent schools based on the HTH design principles.
  • Become a self-sustaining central organization conducting “behind the whiteboard” management practices that are as exemplary as the “in front of students” programs offered at HTH schools.
  • Inspire and enable others in the public education community to adopt the HTH design principles and instructional practices.

terça-feira, 29 de janeiro de 2013

As tragédias têm sempre causas técnicas e humanas!



Nós já sabíamos que a tragédia de Santa Maria iria acontecer. Nós já sabíamos que choraríamos centenas de mortes, que ficaríamos chocados diante dos aparelhos de TV, ouvindo o rádio, buscando mais informações nas redes sociais na Internet. Nós já sabíamos que passaríamos dias falando, chocados, sobre a tragédia, comentando, analisando, opinando.


Nós já sabíamos quem seriam os culpados. Nós já sabíamos que faltaria precaução, que a segurança seria analisada de forma superficial e burocrática. Nós já sabíamos que ninguém se perguntaria antes “e se acontecer um acidente, estaremos preparados? Teremos como salvar as vidas?” Nós já sabíamos que ninguém pensaria nas consequências, coletiva ou individualmente. Nós já sabíamos que ninguém examinaria seriamente os riscos envolvidos. Nós já sabíamos que todos tomariam decisões insensatas, assumiriam riscos inaceitáveis, deixariam de olhar para a frente e para as pessoas.

Nós já sabíamos que continuaríamos desperdiçando vidas jovens, recursos vitais e criativos críticos para o nosso futuro. Nós já sabíamos que ninguém levaria em consideração o valor humano e social daquelas quase duas mil pessoas, como grupo e como indivíduos. Nós já sabíamos que o espírito fraternal, a solidariedade, a identificação de cada um de nós com nossos semelhantes, só se manifestaria, como choro e revolta, depois da tragédia acontecida.

Nós já sabíamos que aceitaríamos como aceitáveis instalações inaceitáveis para eventos públicos. Nós já sabíamos que ninguém examinaria o conjunto e a interação entre suas partes: risco de incêndio; uso em excesso de material inflamável e tóxico, capaz de exalar vapores fatais em grande quantidade e pouco tempo; falta de sistemas adequados e bem dimensionados de exaustão do ar; falta de planejamento de segurança para a circulação das pessoas em circunstâncias extremas (são muitas as circunstâncias extremas muito prováveis, em eventos de massa, inclusive pânico sem razão forte. No caso o pânico era real e a circunstância, fatal.); superlotação, a mesma que vemos nos ônibus, metrôs e trens do país e que, em um acidente, aumenta o número de fatalidades inevitavelmente; pessoal de segurança treinado para a finalidade errada, não para assegurar a segurança das pessoas.

Nós já sabíamos que tudo seria tratado de forma burocrática e com descuido e desmazelo, antes da tragédia. Nós já sabíamos que ninguém assumiria a responsabilidade pela tragédia. Nós já sabíamos que enterraríamos nossos mortos em choque e com raiva.

Nós já sabemos, que daqui a algumas semanas esqueceremos nossos mortos, talvez porque estaremos chorando outros mortos nossos também, vítimas de outras tragédias que já sabemos que acontecerão. Ou talvez porque nenhuma tragédia aconteça no curto prazo, sabemos que esqueceremos tudo até a próxima, que sabemos que virá. Voltaremos à nossa rotina, à nossa vida diária, que não é fácil para a maioria de nós. Ela nos absorverá, até a próxima tragédia. Nossa indignação se esvairá como aquelas estrelinhas de bolo de aniversário. Resistentes ao sopro, mas não ao tempo breve da matéria que as anima a queimar. E esperaremos pela próxima tragédia.

Nós já sabíamos que a tragédia de Santa Maria aconteceria. Só não sabíamos que seria em Santa Maria, na boite Kiss, na madrugada do último domingo. Pusemos a culpa nos responsáveis diretos e todos tivemos dificuldade de dormir no dia seguinte. Mas não nos perguntamos sinceramente, não consultamos nossos corações para saber porque nossa indignação dura tão pouco tempo e não se manifesta de forma mais efetiva. Não nos olhamos no espelho, ao lavar o rosto e escovar os dentes para ir correndo ler os jornais do dia, ver e ouvir o noticiário que já sabíamos seria dominado pela tragédia e não nos perguntamos por que continuarmos a tolerar o intolerável por tanto tempo. As tragédias têm sempre causas técnicas e humanas. Mas são tragédias somente por causa do encontro entre a ocorrência e o comportamento humano. Tragédia nunca é destino, fatalidade, acaso. Tragédia é sempre o resultado das escolhas que fazemos.(Texto  de autoria de Sérgio Abranches)


A cada dois dias uma tragédia das proporções de Santa Maria se repete no Brasil!Será que para que seja feito algo precisamos que estas 111 mortes ocorram no mesmo local e hora?Essa série histórica mostra que o número de mortes está diretamente ligado às políticas públicas de segurança viária.Como disse o Sergio Abranches em seu texto As tragédias têm sempre causas técnicas e humanas. Tragédia é sempre o resultado das escolhas que fazemos.



sábado, 26 de janeiro de 2013

O melhor da vida e de nossas realizações começa aos 60 anos!


Veja o video no link abaixo:

http://www.youtube.com/watch?v=vksdBSVAM6g

Segue a narração do vídeo: Based on a true story.

What do people live for?
To miss someone?
To keep living?
To live longer?
Or, to leave?

“Let’s go ride motorcycles!”

5 Taiwanese.
An average age of 81.
1 has a hearing problem.
1 has cancer.
3 have heart disease.
Every one of them has degenerative arthritis.

6 months of preparation.
13 days traveling around the island.
1139 kilometers.
From the north to the south.
From night to day.
For one simple reason.

What do people live for?

Dreams.

sexta-feira, 25 de janeiro de 2013

Corrupção e Democracia:O Caso Fujimori e Montesinos!

Publicado no Estado de São Paulo em 23 de Janeiro de 2013
Autora:Eliana Cardoso é PH.D. pelo MIT e professora titular da FGV-São Paulo.

Com Rudi Dornbusch e a convite do Banco Central de Reserva del Perú, fui a Lima, em 1990, para trabalho sobre a inflação de 7.000% naquele ano. Na entrada do Banco Central, ao lado do detector de metais, havia uma estante onde, em escaninhos numerados, as pessoas deixavam os revólveres e outras armas e recebiam uma ficha correspondente a seus pertences. O país encontrava-se conturbado pela violência do Sendero Luminoso - um grupo guerrilheiro maoista que, antes de desaparecer, se tornaria responsável por 69 mil mortes.

Alberto Fujimori acabara de tomar posse e Rudi iria jantar com o presidente. Na última hora o convite se estendeu à diretora do Banco Central, com quem trabalhávamos, e me incluiu. Nosso carro percorreu as ruas de Lima, passou pelas bancadas de sopão, onde as pessoas esperavam em longas filas pelo único alimento do dia, e contornou um tanque de guerra...

No palácio, depois de um corredor comprido e mal iluminado, estavam a pequena sala de jantar e a mesa posta, com quatro paninhos puídos nas beiradas. O presidente entrou vestido numa guayabera. A empregada trouxe quatro Coca-Colas, uma travessa de espaguetes e, para a sobremesa, apenas duas porções individuais de pudim. Voltou 40 minutos mais tarde com outra travessa de espaguetes. A cozinheira, informada sobre o maior número de convidados, preparara segundas porções...

O presidente falava pouco e perguntava muito. Tive pena daquele político solitário e ainda desconhecido, sem uma base seja social, seja partidária. Ele liquidaria a hiperinflação e o Sendero, mas terminaria tragado pela corrupção e pelo poder de
Vladimiro Montesinos , o chefe da polícia secreta que garantiu suas reeleições.

Montesinos subornou o Congresso, o Judiciário e a imprensa, mantendo a fachada democrática: os cidadãos votavam, os juízes decidiam, a mídia noticiava. Mas a negociação e a execução de acordos secretos drenavam a substância da democracia.

Embora possa parecer estranho, Montesinos mantinha registros meticulosos de suas operações: em contratos e recibos dos subornos, em vídeos das negociações ilícitas e das reuniões em que ele mesmo foi o corruptor. A lógica de suas ações deriva de que as fitas eram prova da cumplicidade dos outros e lhe davam o poder para destruir o presidente, impedindo Fujimori de demiti-lo. Constituíram fontes de dinheiro para suborno: o orçamento secreto do Serviço Nacional de Informação, somas recebidas por intermédio do Ministério do Interior e desvios de contratos com o Estado.

John McMillan e Pablo Zoido, da Universidade Stanford (How to subvert democracy, no Journal of Economic Literature), utilizaram os preços de suborno e concluíram que a forma mais forte de controle sobre o governo é a mídia. A julgar pelos subornos pagos e, portanto, pela preferência revelada de Montesinos, a televisão representava a maior ameaça ao poder do governo peruano. O suborno pago ao proprietário de um canal de televisão era cerca de cem vezes maior do que o pago a um político, que era um pouco maior do que o pago a um juiz.

Os pagamentos feitos a políticos ficavam, na sua maioria, entre US$ 5 mil e US$ 20 mil por mês, com alguns pagamentos de até US$ 100 mil, chamados de contribuições de campanha. Entre os meios de comunicação, o diretor do Expresso (um tabloide) recebeu US$ 1 milhão e El Tío (outro tabloide), US$ 1,5 milhão ao longo de dois anos. O Canal 4 recebia US$ 1,5 milhão por mês em propinas. Esses pagamentos subestimam os subornos, pois Montesinos canalizava mais dinheiro para os jornais e a televisão por meio de publicidade oficial.

A única empresa de televisão não subornada, o Canal N, continuou a oferecer jornalismo investigativo independente e levou ao ar pela primeira vez o vídeo que trouxe o regime abaixo. Em 2000, apenas três meses e meio depois da terceira vitória de Fujimori na eleição para presidente, o governo caiu, quando o Canal N exibiu o vídeo que mostrava o pagamento de Montesinos ao político de oposição Alberto Kouri. Outro vídeo mostrava Montesinos oferecendo a Alípio Montes de Oca, membro da Suprema Corte de Justiça, propina de US$ 10 mil por mês, além de atendimento médico e segurança pessoal e a presidência do Conselho Nacional de Eleições.

Os mecanismos democráticos complementam-se e reforçam-se uns aos outros, enquanto a ausência de um enfraquece todo o sistema democrático. Se um dos controles é fraco, todos o são. Nesse sentido, cada um deles é vital. No entanto, a televisão aparece como o limite crucial. Por quê?

Sua importância deriva do fato de que a mídia pertence ao mecanismo de constrangimento fundamental. Considere. A reação de grande número de cidadãos à violação das regras pode depor um governo. Entretanto, eles enfrentam um problema de coordenação, porque, na escolha de como agir, o cidadão precisa avaliar o que os outros farão. Falta de informação constitui a dificuldade-chave da coordenação. Não saber o que os outros sabem é suficiente para frustrar ações que precisam ser coordenadas. Ao informar a todos sobre violações do governo, a televisão ajuda a resolver o problema da coordenação, de vez que a transgressão se torna conhecimento comum.

A diferença entre a televisão e o jornal está no seu alcance: os subornos pagos a jornais impressos foram menores do que os pagos a canais televisivos, porque os peruanos preferem receber as notícias pela televisão. Demonstrando seu poder, foi ela que finalmente derrubou Alberto Fujimori.

Será que tudo isso importa? Poder-se-ia justificar a ação de Fujimori e Montesinos porque eles destruíram o Sendero Luminoso e puseram fim à hiperinflação? Nunca. Pois, ao acumular todos os Poderes (Legislativo, Executivo e Judiciário) nas mesmas mãos, a corrupção instaura a tirania e suas arbitrariedades. Ela nos leva de volta à barbárie.

quinta-feira, 24 de janeiro de 2013

Jose Goldemberg ganha Zayed Future Energy Prize 2013:Devemos construir nosso futuro energético!





José Goldemberg - Artigo:Prever o futuro ou construí-lo?
Publicado no Jornal O Estado de S.Paulo em 21/01/2013.

Tentar prever o futuro parecer ser uma das características inatas dos seres humanos, principalmente em tempos de crise. No passado distante, a evidente vulnerabilidade dos nossos antepassados diante de catástrofes naturais os levava desesperadamente aos líderes religiosos, à procura de consolo e esperança no porvir. Na Bíblia os profetas têm um papel preponderante.

No auge da civilização grega, há 2.500 anos, ganharam grande evidência as profecias das pitonisas de Delfos. No Templo de Apolo as sacerdotisas faziam suas previsões em transes provocados por gases emitidos por fendas subterrâneas, situadas abaixo do templo. Frequentemente os vaticínios eram dúbios e confusos, mas interpretados pelos interessados de modo a confirmarem suas próprias convicções e expectativas.


Nos dias atuais, um exercício realizado frequentemente por algumas revistas científicas é também fazer previsões. As mais conhecidas são as da Scientific American, que há 167 anos publica trabalhos dos melhores cientistas em todos os campos do conhecimento. Isso dá à publicação certa credibilidade em prever o futuro, uma vez que, segundo seus editores, "um passado forte é uma base boa para olhar o futuro".


A revista acredita que suas "previsões" ou "projeções", baseadas em ciência, têm mais credibilidade que as visões das sacerdotisas de Delfos, que diziam muito mais sobre o destino dos homens, seus sucessos e fracassos, do que sobre desenvolvimento técnicos.


Isto é o que a Scientific American, em sua edição de janeiro, faz: formula uma série de previsões provocativas e as perspectivas de que se realizem. Exemplos dessas previsões: haverá carros voadores no futuro? Armas nucleares serão eliminadas? O aquecimento da Terra será evitado usando as tecnologias que conhecemos? A engenharia genética eliminará doenças? Poderemos transportar nossa civilização para outros planetas numa "arca", como fez Noé, conforme a Bíblia


A revista não discute o futuro da energia, mas é possível fazer previsões do que vai acontecer nessa área para garantir a produção energética de que a humanidade vai necessitar nas próximas décadas. Em nível mundial, nos dias de hoje, combustíveis fósseis (carvão mineral, gás natural e petróleo) representam mais de 80% de toda a energia que consumimos. Essa é uma situação que não pode durar muito tempo. As reservas de combustíveis fósseis são grandes, mas finitas. Ao que sabemos, cerca da metade desses recursos já foi usada. A metade restante ainda vai durar muitos anos, mas está distribuída de forma geográfica muito irregular. Algumas regiões são muito bem dotadas, como o Oriente Médio, mas em geral a situação não é boa.


Além disso, a qualidade das reservas está mudando e novas tecnologias serão necessárias para usá-las. O desenvolvimento dessas tecnologias é uma direção em que podemos trabalhar para garantir o futuro. É o caso, por exemplo, do pré-sal no Brasil, para a produção de petróleo, ou do gás de xisto, que se tornou popular nos Estados Unidos.


Como em todos os novos desenvolvimentos, é difícil prever todas as complicações que deles podem surgir e o importante é mover-se com cautela para evitar desapontamentos e catástrofes. Gás de xisto parece hoje uma panaceia nos Estados Unidos, onde o seu custo caiu dramaticamente, mas é temerário acreditar que esse sucesso se repetirá em todos os países, inclusive no Brasil.


Em compensação, as regiões tropicais do mundo têm um recurso natural de que as mais frias não dispõem: cobertura florestal e áreas enormes onde a agricultura se pode expandir. A energia que pode ser retirada de produtos agrícolas, como a do álcool de cana-de-açúcar, entre outros, é de fato enorme, como mostra o programa de etanol brasileiro.


A quantidade total de combustíveis fósseis situada abaixo do solo que existe no mundo é difícil de estimar, mas está entre 0,5 trilhão e 2 trilhões de toneladas. Destas, consumimos hoje 10 bilhões de toneladas por ano. A expectativa de duração dessas reservas é, portanto, de 50 a 200 anos, na melhor das hipóteses. Em contraste, a quantidade de madeira e de produtos agrícolas que se encontram acima do solo - e que são renováveis - é de cerca de 1 trilhão de toneladas. E se renova sempre.


A verdade é que é mais fácil, hoje, usar os combustíveis fósseis do que produtos florestais, e a razão principal para tal é que desde o século 19 todo o desenvolvimento tecnológico foi orientado para otimizar a sua extração do subsolo e o seu uso. Isso não foi feito ainda para a utilização da energia das florestas ou dos produtos agrícolas, mas é uma das direções em que se pode trabalhar e construir o futuro sobre ela.


Os combustíveis fósseis que usamos atualmente também se originaram de florestas (e de vida marinha e matéria orgânica dos oceanos), as quais foram soterradas centenas de milhões de anos atrás. A natureza encarregou-se de processá-las de forma a darem origem a esses combustíveis. Há poucas dúvidas de que o trabalho científico de hoje nos permitirá repetir o que a natureza fez no passado.


Muito mais produtivo do que tentar prever o futuro é construí-lo a partir do que sabemos hoje, e não consultar oráculos como o de Delfos, cartomantes, gurus e profetas. É isso o que a experiência da Scientific American nos tenta dizer.


Além disso, governos e fundações apoiam e premiam os avanços que nos conduzam a um desenvolvimento sustentável que se baseie no uso de fontes renováveis de energia. Neste ano de 2013, a Fundação Zayed, de Abu Dabi, que foi criada pelo esclarecido Sheik Zayed para premiar desenvolvimentos nessa área, atribuiu o seu prêmio principal ao autor deste artigo pelos seus trabalhos científicos sobre etanol de cana-de-açúcar, o maior dos programas de energia renovável do mundo logo depois da hidreletricidade.


quarta-feira, 23 de janeiro de 2013

Universidade de São Paulo é credenciada para oferecer cursos superiores na modalidade a distância

Histórico do Curso de Licenciatura em Ciências por meio de EAD.

05/09/2003  Portaria/1357
(Gestão Prof. Adolfo Melfi)
Criação de um grupo de trabalho de educação a distância

13/05/2004  Portaria/609 

O Reitor Prof. Melfi cria comissão para elaborar proposta do curso de Licenciatura em Ciências

01/10/2005
(Gestão Prof. Adolfo Melfi) 
Comissão envia relatório completo elaborado pelo grupo de trabalho de educação a distância.

21/12/2007 
(Gestão Profa.Suely Vilela)
Conselho de Graduação aprova o Curso de Licenciatura em Ciências por meio de EAD.

10/02/2009 
(Gestão Profa.Suely Vilela)
C aprovou a criação do Curso de Licenciatura em Ciências por meio de EAD.

23/03/2010 
(Gestão João Grandino Rodas)
Assinatura do convênio USP/Secretaria de Ensino Superior do Estado de São Paulo

22/01/2013 
(Gestão João Grandino Rodas)
USP  é credenciada para oferecer cursos superiores na modalidade a distância

Foram quase 10(dez)anos de trabalho de docentes,funcionários e alunos para chegarmos a esse credenciamento.Estive envolvido neste trabalho desde 2003 até o presente.


Gostaria entretanto de mencionar alguns nomes de colegas uspianos que tiveram um
papel essencial para o resultado que hoje a USP conquista.São eles:

Prof. José Cipolla Neto (ICB)
Prof. Amando Siuiti (FFCLRP)
Prof. Bayardo Baptista Torres (IQ)
Profa. Cristina Cerri (IME)
Prof. Manoel Oriosvaldo de Moura (FE)
Profa. Maria Angelica Penatti Pipitone (ESALQ)
Profa. Maria da Graça Pimentel (ICMC)
Prof. Mauricio dos Santos Matos (FFCLRP)
Prof. Paulo Takeo Sano (IB)
Profa. Salete Linhares Queiroz (IQSC)
Profa.Emma Otta (IP)
Prof.Enos Picazzio (IAG)



Diario Oficial da União de  23.01.13 – Seção 1, pg. 06
PORTARIA No- 48, DE 22 DE JANEIRO DE 2013

O MINISTRO DE ESTADO DA EDUCAÇÃO, no uso de suas atribuições, tendo em vista o disposto no Decreto no 5.773, de 9 de maio de 2006, na Portaria Normativa no 40, de 12 de dezembro de 2007 e no Parecer no 533/2011, da Câmara de Educação Superior do Conselho Nacional de Educação, conforme consta do processo e-MEC no 200908493, e diante da conformidade do Regimento da Instituição e de seu respectivo Plano de Desenvolvimento Institucional, com a legislação aplicável, resolve:


Art. 1o 

Fica credenciada a Universidade de São Paulo para oferta de cursos superiores na modalidade a distância, com sede na Rua da Reitoria, no 109, bairro Butantã, no Município de São Paulo, no Estado de São Paulo, mantida pelo Governo do Estado de São Paulo, com sede no mesmo Município e Estado, pelo prazo máximo de 5 (cinco) anos.

Art. 2o

Nos termos do art. 10, § 7o do Decreto no 5.773, de 2006, os atos autorizativos são válidos até o ciclo avaliativo seguinte.

Parágrafo único. 

Caso entre a publicação desta portaria e o calendário para a realização do ciclo avaliativo citado no caput venha a ocorrer interstício superior a 5 (cinco) anos, a instituição deverá solicitar seu recredenciamento, observadas as disposições processuais pertinentes, tendo em vista o prazo máximo do primeiro credenciamento estabelecido no art. 13, § 4o, do mesmo Decreto.

Art. 3o 

Esta Portaria entra em vigor na data de sua publicação.

ALOIZIO MERCADANTE OLIVA




Em atendimento ao disposto no art. 17 do Decreto nº 5.773/2006, a então Secretaria de Educação a Distância do Ministério da Educação (SEED/MEC) realizou as análises documentais e, em setembro de 2009, encaminhou o Processo ao Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira (INEP), para a avaliação das condições institucionais da sede e dos polos de apoio presencial para a oferta de educação superior na modalidade a distância.O INEP produziu relatório de avaliação e o encaminhou à Secretaria de Regulação e Supervisão da Educação Superior (SERES), para análise e emissão de parecer, em atendimento ao disposto no inciso I do § 4º do art. 5º, do Decreto nº 5.773/2006, o qual dispõe que compete especialmente à SERES instruir e exarar parecer nos processos de credenciamento e recredenciamento de instituições para a oferta de educação superior a distância, promovendo as diligências necessárias (Redação dada pelo Decreto nº 6.303/2007).A USP foi avaliada com o Conceito Institucional (CI) 5 (cinco), conforme dados divulgados pelo INEP em 2011.A verificação in loco das condições institucionais para a oferta de educação na modalidade a distância da USP foi realizada pelos avaliadores: Rudimar Serpa Abreu, Manoel Joaquim Fernandes de Barros e Irene Dias de Oliveira, coordenadora da comissão, e registrada sob o código 62253.Em atendimento aos preceitos legais que regem o credenciamento institucional para educação na modalidade a distância, os seguintes aspectos foram avaliados: 

Organização institucional para oferta de educação na modalidade a distância- Conceito 5 (cinco)Corpo Social- Conceito 5 (cinco)Infraestrutura e Instalações Físicas- Conceito 5 (cinco)

Quanto aos recursos tecnológicos, de acordo com os avaliadores:

No que se refere aos recursos de (TIC) – audiovisuais, incluindo multimídia – de Tecnologia da Informação e Comunicação, constatou-se a disponibilidade de laboratórios de informática, bem como de duas salas de aula com projetor multimídia e estúdio para gravação de aulas ou vídeos complementares, com pessoal de apoio capacitado para este fim e com possibilidade de conexão via internet. Esse contexto foi considerado plenamente adequado para o desenvolvimento das atividades de ensino e de aprendizagem.Existe um plano de expansão e de atualização de equipamentos envolvidos nas atividades de EaD, previsto no PDI e no plano de Gestão, com capacidade de demonstrar sua execução de maneira adequada.

Requisitos Legais
Os avaliadores registraram que a USP atende todos os requisitos legais.

Conclusão da Comissão
Após análise e avaliação qualitativa e quantitativa das dimensões citadas acima, a comissão de avaliação in loco considerou que a Universidade de São Paulo apresenta um perfil bom de qualidade e atribuiu o conceito global 5 (cinco).

A Matriz Elétrica e Energética Brasileira:Problemas e Desafios!

Veja detalhes deste assunto que preocupa o Brasil e o mundo na série Física para Universitários:

terça-feira, 22 de janeiro de 2013

Cornell NYC Tech:Uma Universidade dedicada a inovação e tecnologia!


Folha de São Paulo,20/01/2013,Autor Raul Juste Lores de Nova York

Em Nova York, o setor financeiro perdeu mais de 40 mil empregos desde a crise de 2008. Outras indústrias fundamentais para a cidade, como a editorial e a fonográfica, a de mídia e o varejo, enfrentam um momento ruim, graças à concorrência da internet. 

Enquanto isso, o Vale do Silício, vizinho a São Francisco, e a região de Boston-Cambridge, que abriga o prestigiado MIT (Massachusetts Institute of Technology), vivem um boom econômico produzido por milhares de start-ups --nome dado às empresas iniciantes--, sem mencionar o auge de gigantes da tecnologia, como a Apple, o Google e o Facebook. 

Nova York percebeu então que precisava se tornar um polo tecnológico. 

Em parte para se reinventar mas também para salvar suas indústrias tradicionais, a cidade decidiu que o primeiro grande passo para competir com o Vale do Silício seria criar sua própria versão do MIT: uma universidade que se direcionasse para a tecnologia, habilitada a formar os pesquisadores e a mão de obra para indústrias que talvez ainda não existam hoje. 

A gestação do MIT nova-iorquino começou com um concurso promovido pelo prefeito Michael Bloomberg: à universidade que apresentasse o melhor projeto, a prefeitura cederia um terreno de 45 mil metros quadrados na Roosevelt Island, vizinha a Manhattan, além de oferecer um aporte de US$ 100 milhões para gastos com infraestrutura. 

Houve candidaturas de 18 propostas de quase 30 universidades de 9 países. Com a recusa do MIT de Boston em participar, Stanford se transformou na favorita --foi das salas de aula da universidade californiana que saíram os fundadores de Google, Yahoo, HP, Sun e PayPal, além de boa parte das diretorias da Apple, do Facebook e da Microsoft. 

Mas o consórcio entre a tradicional Universidade Cornell, de Ithaca, no Estado de Nova York, e o instituto tecnológico israelense Technion, de Haifa, ofereceu rapidez --as aulas começariam um ano antes do que previam os demais concorrentes-- e garantiu financiamento imediato para começar o novo campus, além dos US$ 100 milhões da prefeitura. 

A vantagem se definiu uma semana antes da data em que Bloomberg anunciaria o vencedor, em dezembro de 2011, quando um ex-aluno de Cornell, o bilionário Charles Feeney, criador da rede Duty Free Shops, doou US$ 350 milhões à instituição. A doação, uma das maiores já feitas por um indivíduo a uma universidade no mundo, foi integralmente para o projeto. 

A primeira fase do campus desenhado pelo arquiteto Thom Mayne para o Cornell NYC Tech deve ser inaugurada na Roosevelt Island em 2017 --na próxima década, a nova instituição deve alcançar os números de 2.500 alunos e 300 professores. O investimento nos próximos 15 anos chegará a US$ 2 bilhões. Mas, como Nova York tem muita pressa, as aulas não vão esperar. A prefeitura e o consórcio vencedor assinaram uma parceria com o Google para criar uma sede provisória do campus em Manhattan. 

A instalação temporária funcionará num edifício que ocupa um quarteirão inteiro nas proximidades do parque High Line, no bairro do Chelsea. O gigante dos mecanismos de buscas comprou o imóvel dois anos atrás, por US$ 2 bilhões, e alugou 2.500 metros quadrados de um de seus 15 andares ao consórcio, por um período de cinco anos. Os alunos, todos pós-graduandos, começam a frequentar as aulas no final deste mês --certamente sob os olhos atentos de boa parte da comunidade acadêmica internacional. 

DO ZERO
Caminhando pelo vasto andar do Google ainda vazio, com apenas dez funcionários, Dan Huttenlocher, 54, sonha alto. Ele foi nomeado em março passado reitor do novo campus. Professor de Ciência da Informação, Computação e Negócios em Cornell desde 1988, Huttenlocher tem como tarefas a criação do currículo e a seleção dos professores --em resumo, inventar praticamente do zero a tal universidade do futuro. As expectativas são altas. 

Há um ano, ao apresentar o consórcio Cornell-Technion como vencedor do concurso que originaria o Cornell NYC Tech, o prefeito Michael Bloomberg --ele mesmo um bilionário da tecnologia e da mídia-- afirmou acreditar que a criação da nova universidade ajudaria Nova York a se tornar mais rapidamente "o centro do universo digital". 

Se, no momento, parece que cada jovem americano brilhante, da economia à engenharia, quer aprender a fazer códigos de software e criar a enésima rede social para tentar se tornar o novo Mark Zuckerberg, o que Huttenlocher pensa em lecionar no novo campus? Algo que não envelheça como, digamos, um Orkut? 

Ele diz que o programa se erguerá em torno grandes focos: vida mais saudável; ambiente construído --termo que designa não só arquitetura e planejamento, mas aspectos urbanos na escala mais reduzida do bairro, do quarteirão ou da rua--; e mídia conectiva --aquela que interage com redes sociais e na qual as fronteiras entre emissor e receptor se encontram em dissolução. 

"Iremos da pesquisa científica sobre corpo ao uso de sensores e radares para construções mais sustentáveis e às novas mídias --não só redes sociais, mas as formas de nos comunicar, consumir e compartilhar informação." 

Não à toa, os focos se relacionam a três das maiores indústrias da cidade: medicina, mídia e construção e planejamento urbano. O jovial Huttenlocher vai explicando outras singularidades do projeto: "Não teremos departamentos, haverá cada vez menos barreiras de comunicação, será um ambiente aberto". 

Ele contratou Greg Pass, ex-diretor de tecnologia do Twitter, para chefiar o escritório de empreendedorismo do campus --instância responsável pelas futuras empresas que nascerão com os estudantes. "Todo aluno terá um orientador e um mentor da indústria, que esteja no mercado de trabalho.

Todos farão estágio como aprendizes. Quatro dias por semana serão de aulas técnicas, e um, só de prática", discorre. 

Empresas serão convidadas a ter centros de pesquisa e desenvolvimento dentro do campus.

"Quero laços muito diretos entre empresas, professores e alunos. No passado, a pesquisa gerava interesse comercial entre as empresas. Hoje em dia, também acontece o caminho inverso; acadêmicos se debruçam sobre desafios empresariais --o interesse comercial gera pesquisa", diz. 

No Brasil, doações de empresas a universidades ainda podem ser mal recebidas por alunos e professores; mas essa parceria entre iniciativa privada e academia é bem-vista em Nova York. "Acadêmicos curiosos querem trabalhar com problemas reais, ter acesso a dados que as empresas possuem e que não estão ainda na universidade", afirma. 

Em sua carreira, o próprio Huttenlocher mistura esses dois mundos. Ao longo de mais de 20 anos lecionando em Cornell, tirou várias licenças para comandar pesquisa na Xerox, criar empresas de tecnologia e trabalhar em áreas que vão da análise de redes sociais a robótica avançada para veículos autônomos. 

Questionado sobre a concorrência --poderosa em biologia, química e engenharia elétrica do MIT, onde surgem alguns dos maiores laboratórios farmacêuticos do mundo, e em softwares e redes sociais de Stanford-- o reitor busca uma "terceira via". 

"Queremos desenvolver nossa própria marca de tecnologia. O Vale do Silício [onde fica Stanford] é uma potência, mas é cercado de empresas de uma mesma área. Nova York tem grandes redes de televisão, jornais e revistas, editoras, teatros, produtoras. É um polo de medicina, de finanças, de planejamento urbano. Todas essas indústrias estão sendo transformadas pela tecnologia", diz. 

Para Huttenlocher, o Cornell NYC Tech pode construir um "engajamento profundo com essas empresas, com os clientes, com quem usa" e ocasionar "um grande impacto na transformação dessas indústrias". 

Para tanto, os docentes da nova universidade devem preencher uma série de qualidades superlativas. 

"Quero gente do mais alto nível acadêmico, que busque a pesquisa mais inédita, que sonhe com sucesso comercial, mas que queira causar impacto social. Há um número crescente de professores que pensam na tecnologia sem fins lucrativos, que se comprometem com grandes causas, e seria ótimo tê-los aqui." 

NA BRIGA
Mesmo derrotadas por Cornell, as duas maiores universidades de Nova York, Columbia e New York University (NYU), não desistiram da briga para abreviar o atraso tecnológico da cidade. Columbia planeja a criação de um Instituto para Ciências de Dados e Engenharia, e a NYU anunciou a construção, no miolo do Brooklyn, do Centro para as Ciências Urbanas e o Progresso, voltado para urbanização, gerenciamento de energia, trânsito, segurança e sustentabilidade. 

Outra parceria público-privada, bancada por empresas de tecnologia, como a Accenture, e bancos, como JP Morgan, Credit Suisse e Bank of America, promove concursos para start-ups de tecnologia que inventem serviços financeiros. Além de verbas de pesquisa, elas têm direito a mentores e encontros com diretores dos grandes bancos. 

A vontade de replicar o Vale do Silício vai bem além das fronteiras dos EUA. Em Skolkovo, na Rússia, um projeto bilionário procura criar um polo tecnológico rigidamente controlado. Cingapura está tentando o mesmo. No Brasil, localidades de diferentes escalas, do Recife a Campinas, de Belo Horizonte ao gaúcho Vale dos Sinos, sonham em ser o berço de novas empresas de ponta. O exemplo de Nova York demonstra que a competição está apenas no começo. E, assumindo o tamanho ainda bem modesto de seu polo, a cidade se autoatribuiu a alcunha de Sillicon Alley --beco do silício".

segunda-feira, 21 de janeiro de 2013

Rev.Martin Luther King,Jr.


Veja no link abaixo trechos de seu discurso proferido em 28 de Agosto de 1963!

www.youtube.com/watch?v=if_1O6aRrH0

FAPESP:UM EXEMPLO DE AGÊNCIA PÚBLICA A SER SEGUIDO!


Pregunta: La agencia que dirige (Fapesp) se circunscribe al Estado de São Paulo.
Respuesta. Si, es de São Paulo, se financia con los impuestos de los ciudadanos de ese Estado, de 41 millones de habitantes. Brasil es un país en muy desigual: la inversión en I+D en São Paulo es diez veces superior a la de Rio de Janeiro, por ejemplo. En São Paulo la inversión en I+D es el 1,6% de su PIB, mayor que en España [1,33% y en descenso], mientras que Brasil en total está en el 1%. La mitad de la ciencia del país la hacen investigadores de nuestro Estado, que es industrial, con una economía mayor que la de Argentina y casi como la de España. Tenemos características propias.

P. ¿Y cómo financian la I+D?
“El año pasado hicimos un centenar de contratos con pequeñás empresas”
R. El 60% del gasto en investigación es de las empresas y el 40% es dinero público: 14% federal y 24% de São Paulo. La Fapesp es una agencia pública de desarrollo y financiación de la investigación científica y tecnológica y recibe los fondos por una legislación muy singular: la Constitución del Estado de São Paulo establece que el 1%, como mínimo, de todos los impuestos que se pagan pertenecen a la Fapesp. La ley es de 1946, aunque se implementó en 1962, y al principio era el 0,5%, pero desde 1978 es el 1%. En 2011 recibimos en total 454 millones de euros y los estatutos de Fapesp especifican que no se puede dedicar más del 5% a la gestión, así que el 95% tiene que ir a la investigación.

P. ¿Cómo seleccionan los proyectos?
R. Todas las propuestas se someten a evaluación por peer review \[el sistema estándar internacional de evaluación entre pares\] para la selección y para el seguimiento. Financiamos proyectos, becas pre y posdoctorales, materiales e infraestructuras, pero no los salarios de los investigadores. Y todo en régimen competitivo, con el Consejo Europeo de Investigación (ERC) o la Fundación Nacional para la Ciencia (NSF) estadounidense. Pero nuestra vía de financiación establecida por ley tiene dos ventajas: una es la estabilidad de los fondos, que te permite planificar a largo plazo, y la segunda es la autonomía de influencias políticas. La Fapesp tiene un consejo científico que define las estrategias generales y decenas de expertos por áreas.

P. ¿Abarcan tanto investigación básica como aplicada?
“Dedicamos el 4% de la superficie cultivada a producir biocombustible”
R. Si, la mayor parte es ciencia básica, pero también hay investigación aplicada. Tenemos un programa para pequeñas empresas, que pueden solicitar subvenciones para I+D; el año pasado hicimos más de un centenar de contratos de este tipo. En otro programa, la agencia se asocia con grandes empresas para proyectos cofinanciados al 50%. Ahora esta abierta una convocatoria para un centro de investigación en ingeniería de motores de biocombustible con Peugeot-Citroën.

P. ¿En qué áreas científicas destacan?
R. Por ejemplo, en salud: dedicamos el 27% de la inversión a medicina y el 17% a biología. También tenemos programas potentes en biodiversidad y en bioingeniería. Y en cambio climático... acabamos de comprar un supercomputador para hacer modelos globales de clima. Recientemente hemos estrenado el primer buque oceanográfico brasileño, el Alpha Crucis... También hacemos mucha ingeniería, fotónica, materiales compuestos, etcétera. Valoramos no solo la investigación que crea empresas o que cura a personas, sino también la que hace al hombre más sabio, intentando abarcar todo, incluidas las humanidades. Creo que la contribución más singular de Brasil es la bioenergía: la mitad de la energía que se usa en el país es renovable y una parte importante es hidroeléctrica, pero el 18% es etanol, que se saca de la caña de azúcar: energía que se planta hoy y se cosecha en nueve meses.

P. Es una energía polémica: los cultivos pueden competir con las cosechas de alimentos, destruir la biodiversidad, la selva...
R. Si, son problemas reales que deben ser estudiados y afrontados. Si se incentiva el etanol sin tenerlos en cuenta se pueden crear situaciones muy indeseables. Pero en Brasil el etanol no afecta para nada a la producción de alimentos. Dedicamos el 4% de la superficie cultivada a producir biocombustible y solo con eso se mueven los coches en país. Utilizamos más etanol que gasolina para el transporte y en las ciudades grandes, como São Paulo, las emisiones de CO2 son muy bajas porque los vehículos usan etanol. Y no se planta caña en terreno de selva, no se da bien.
“Queremos poner en marcha la colaboración con España”

P. Si aumenta la demanda, ¿no se extenderá el cultivo de caña?
R. La selva se está talando no para producir etanol sino para producir proteínas, carne... es decir, para ganado.

P. Algún fallo, alguna carencia, tendrá su sistema de I+D.
R. Claro. Un desafío importante son los recursos humanos, porque tenemos pocos investigadores y queremos tener más.

P. Pues España está padeciendo fuga de cerebros.
R. Que se vengan a São Paulo, serán bienvenidos. Si no tienen trabajo aquí pueden venirse y luego, cuando acabe la crisis, regresar, si quieren. Nosotros estamos abiertos.

P. ¿Algún otro reto?
R. Queremos que la ciencia hecha en Brasil tenga más impacto mundial. Esta es una de las razones por las que intensificamos las relaciones internacionales. El tercer reto es hacer investigación más avanzada en las empresas para lograr competitividad mundial, no solo local. Queremos que nuestras compañías sean competitivas internacionalmente porque el mercado es mundial.

P. ¿Qué relación tiene la Fapesp España?
R. La ciencia en España es muy buena en cantidad y en calidad y queremos que los investigadores de São Paulo tengan más interacción con los españoles. La Fapesp tiene acuerdos con los consejos de investigación y agencias del Reino Unido, Francia, Alemania, EE UU... con muchos países y queremos poner en marcha esto con España. Tenemos ya un programa de intercambios con la Universidad de Salamanca y empezamos a conversar con la Secretaría de Estado de Investigación.


 “A relação econômica entre Espanha e Brasil é intensa. A Espanha é o segundo maior investidor estrangeiro no Brasil. Mas ainda há muito a ser feito para ampliá-la, por exemplo, na área de pequenas e médias empresas com alta capacitação tecnológica”( Celso Lafer )

domingo, 20 de janeiro de 2013

Porque a música(e o amor) é tão importante na nossa vida?

Duas músicas(In my life and Is this love?)importantes na minha vida!A música assincrônica tem seu foco em lembranças ou imagens que nos inspiram.Veja o link abaixo baseado em
 
Revista Brasileira  de Psicologia do Esporte,Vol.3 no.2 São Paulo dic. 2010
Efeitos psicofísicos da música no exercício: Uma Revisão

Anatomically distinct dopamine release during anticipation and experience of peak emotion to music:Nature Neuroscience-14,257–262(2011)

Ao idoso(a partir de 60 anos) internado ou em observação é assegurado o direito a acompanhante,

REFEIÇÃO DE ACOMPANHANTES
DIREITOS DOS IDOSOS - REFEIÇÃO DE ACOMPANHANTES
Aos que já passaram dos 60 anos, vale ficar informado, se ainda não sabem.

IMPORTANTE

SÓ NÃO PODEMOS "ESQUECER" DISSO NA HORA DA INTERNAÇÃO DO IDOSO.NORMALMENTE FICAMOS MAIS PREOCUPADOS COM O DOENTE E ACABAMOS COMENDO MESMO NA CANTINA DOS HOSPITAIS.

DIREITO DO IDOSO!

Tome conhecimento, de um direito do idoso que todos devemos conhecer e divulgar pois, nem os hospitais, nem os planos de saúde divulgam.

De acordo com o Art. 16, Capítulo IV, da Lei nº 10.741, de 1º de outubro de 2003 (Estatuto do Idoso): "Ao idoso internado ou em observação é assegurado o direito a acompanhante, devendo o órgão de saúde proporcionar as condições adequadas para a sua permanência em tempo integral, segundo critério médico."
Nestas "condições adequadas" está incluído: o pernoite e as três refeições.
Independe do plano de saúde contratado pois está na lei.

OBS. A PARTIR DE 60 ANOS

sábado, 19 de janeiro de 2013

Sobre o uso da palavra Olimpíadas:Os direitos do Comite Olimpico Brasileiro definidos pelo Comite Olimpico Internacional!

Excelente texto de João Boaventura(nosso amigo de Portugal), sobre a matéria :Comitê Olímpico Brasileiro (COB) proibe o uso da palavra "olimpíadas" para designar competições científicas.

O problema em questão põe-se porque há uma lei, do Comité Internacional Olímpico (CIO) que a impõe, a Carta Olímpica, espécie de Constituição desse Comité que estipula o seguinte, a pp. 12 e seguintes:
«Cada Comité Olímpico Nacional é responsável perante o CIO por fazer respeitar no seu país as Normas 12 [Símbolo Olímpico], 13 [Bandeira Olímpica], 14 [Lema Olímpico], 15 [Emblema Olímpico], 16 [Hino Olímpico] e 17 [Direitos dobre o símbolo, a bandeira, o lema e o hino olímpicos], e o seu texto de aplicação e tomará as medidas oportunas para impedir toda a utilização do símbolo, da bandeira, do lema, e do hino olímpicos que seja contrária a estas Normas e a seu texto de aplicação. Tentará também obter protecção jurídica, em benefício do CIO, dos termos “Olímpico” e “Olimpíada”». 
Dito isto, todos os Comités Olímpicos Nacionais (CON) têm essa defesa nos seus estatutos, e como reforço jurídico, em normativos de cada Governo, impedindo o seu uso, como se verificará.

O Estado português, na Lei n.º 5/2007, de 16 de Janeiro, salvaguardou aquele direito no art.º 12, n.º 4, embora muito sumaria, imprecisa, curta e vagamente, como se pode ler:


«O Comité Olímpico de Portugal tem direito ao uso exclusivo dos símbolos olímpicos em território nacional, nos termos da lei.» Donde a necessidade de maior precisão como se verifica no
decreto-lei.º 155/2012, de 18 de Julho:
Artigo 1.º - Objecto - O presente diploma estabelece o regime de protecção jurídica a que ficam sujeitos os símbolos olímpicos, adiante designados por propriedades olímpicas de acordo com a terminologia usada na Carta Olímpica, e reforça os mecanismos de combate a qualquer forma de aproveitamento ilícito dos benefícios decorrentes do uso dos mesmos.

2 - São equiparadas às propriedades olímpicas as expressões «Jogos Olímpicos», «Jogos Paralímpicos», «Olimpíadas» e quaisquer outras semelhantes ou derivadas destas, bem como o logótipo oficial do Comité Olímpico de Portugal (COP), e outras denominações devidamente registadas no Instituto Nacional da Propriedade Industrial, I. P. (INPI, I. P.)

3 -As propriedades olímpicas previstas nos números anteriores constituem sinais com elevado valor simbólico, nos termos e para os efeitos previstos na alínea b) do n.º 4 do artigo 238.º do Código da Propriedade Industrial. 
Montado este puzzle, importa esclarecer que o CIO funciona como uma empresa lucrativa, através da indústria do espectáculo, o que se verifica no n.º 3, do art.º 1.º, do decreto-lei n.º 155/2012, com a citação do Código de Propriedade Industrial. Importa aduzir, além das alterações já introduzidas, e outras que foram indicadas pelo Parlamento Europeu ou pelo Conselho da Europa, no Código de Propriedade Industrial, que também o Comité Olímpico de Portugal se sujeitou aos trâmites para poder proteger a sua propriedade, com toda a simbologia acima transcrita, nos itens que ora se transcrevem:
Fundamentos de recusa de registos Artigo 238.º

1- Para além do que se dispõe no artigo 24.º [não pagamento da taxa, não apresentação de elementos necessários. Inobservância de formalidades, requerimento cujo objecto seja impossível ou ininteligível], o registo de uma marca é recusado quando esta: a) Seja constituída por sinais insusceptíveis de representação gráfica; b) Seja constituída por sinais desprovidos de qualquer carácter distintivo; c) Seja constituída, exclusivamente, por sinais ou indicações, referidos nas alíneas b) a e) do n.º 1 do art.º 233 d) Contrarie o disposto nos artigos 222.º, 225.º, 228.º a 231.º e 235.º

2 - Não é recusado o registo de uma marca constituída, exclusivamente, por sinais ou indicações referidos nas alíneas a), c) e d) do n.º 1

3- É ainda recusado o registo de uma marca que contenha em todos ou alguns dos seus elementos: a) Símbolos, brasões, emblemas ou distinções do Estado, dos municípios ou de outras entidades públicas ou particulares, nacionais ou estrangeiras, o emblema e a denominação da Cruz Vermelha, ou de outros organismos semelhantes, bem como quaisquer sinais abrangidos pelo artigo 6.º -ter da Convenção da União de Paris para a Protecção da Propriedade Industrial, salvo autorização; b) Sinais com elevado valor simbólico, nomeadamente símbolos religiosos, salvo autorização; c) Expressões ou figuras contrárias à lei, moral, ordem pública e bons costumes; d) Sinais que sejam susceptíveis de induzir o público em erro, nomeadamente sobre a natureza, qualidades, utilidade ou proveniência geográfica do produto ou serviço a que a marca se destina.

5 - É também recusado o registo de uma marca que seja constituída, exclusivamente, pela Bandeira Nacional da República Portuguesa ou por alguns dos seus elementos. 6 — É ainda recusado o registo de uma marca que contenha, entre outros elementos, a Bandeira Nacional nos casos em que seja susceptível de: a) Induzir o público em erro sobre a proveniência geográfica dos produtos ou serviços a que se destina; b) Levar o consumidor a supor, erradamente, que os produtos ou serviços provêm de uma entidade oficial; c) Produzir o desrespeito ou o desprestígio da Bandeira Nacional ou de algum dos seus elementos.
NOTA FINAL O caso vertente do Comité Olímpico Brasileiro (COB) não tem pés para andar porque, em tais circunstâncias, também teria de fazer o mesmo reparo a todos os dicionários, enciclopédias e glossários, para a eliminação dos termos “Olímpico” e “Olimpíada”, bem como a expressão “Jogos Olímpicos”. Como o COB não o fez, os brasileiros recorreram a essa fonte, mas, o mais significativo está no significado de “olimpíada” que significa “espaço de 4 anos”, donde o uso de “olimpíadas de matemática” transgride totalmente a fonte porque aqui equivale a dizer-se “campeonatos de matemáticas”, ou “jogos de matemática”, ou “disputas de matemática”, ou “concursos de matemática”, ou…, donde o novo significado atribuído a “olimpíada” não colide com a fonte do CIO.

Nestas circunstâncias, e considerando que o termo “olimpíada” pertence historicamente a uma designação criada pelos
Jogos Olímpicos da Antiga Grécia, o Estado grego estaria na posição de, tomando a mesma atitude, passar a proibir o COI e os Comités Olímpicos Nacionais, do uso de tais termos e de tantos outros, como se essas instituições tivessem sido os seus criadores.

E, dada a crise financeira grega, seria uma boa oportunidade para o Governo grego exigir o pagamento de
copy right, o direito de propriedade, o mesmo direito com que agora se arroga o CIO, e com os quais tem singrado economica e financeiramente, sem qualquer lucro para o património grego. O CIO não passa de um usufrutuário.

A Ética mora onde?


Depois das proibições da Igreja às revelações científicas, temos agora a nova igreja CIOsa dos seus pergaminhos, a dificultar o andamento da ciência com minudências que não afectam a bilheteira dos Jogos Olímpicos.

quarta-feira, 16 de janeiro de 2013

Núcleo Central do Parque Tecnológico SP Jaguaré:O complexo será instalado junto ao maior polo de Ciência e Tecnologia da América Latina (USP, IPT, IPEN e Butantan).

Nesta quarta-feira (16/01), o Governador Geraldo Alckmin e o secretário de Desenvolvimento Econômico, Ciência e Tecnologia em exercício, Luiz Carlos Quadrelli, deram autorização para o início das obras de adequação e reforma do Núcleo Central do Parque Tecnológico SP Jaguaré. O complexo será instalado no entorno da Avenida Engenheiro Billings, junto ao maior polo de Ciência e Tecnologia da América Latina (USP, IPT, IPEN e Butantan), localizado na zona oeste da capital. Ele será voltado aos setores de Tecnologia da Informação e Comunicação, Saúde, Nanotecnologia, Novos Fármacos e Centro de P&D em acessibilidade, usabilidade e comunicabilidade para pessoas com deficiências e outros. O empreendimento será reformado pela Incorplan Engenharia LTDA, empresa vencedora da licitação.

De acordo com Quadrelli, o Parque estimulará o surgimento, desenvolvimento e a competitividade de empresas com atividades voltadas para o conhecimento e inovação tecnológica. “O local promoverá a interação entre instituições de pesquisas, universidades e empresas, que serão captadas pela entidade gestora do parque tecnológico. Ele também será um piloto para a promoção de uma renovação urbana sustentável na região e contribuirá ainda mais para o desenvolvimento econômico, atração de investimentos e geração de emprego e renda em São Paulo”, acrescenta. O terreno onde será instalado o Núcleo Central tem área de 46 mil m² e receberá as primeiras adequações no valor R$ 15,7 milhões. O prédio contará com instalações para abrigar empresas, centros de inovação, escritórios de entidades financiadoras de projetos, serviços de administração, apoio e áreas para eventos, com auditórios e espaços para exposições. A previsão é que a obra seja entregue em até 10 meses.

Sobre o Sistema Paulista de Parques Tecnológicos (SPTec)
Criado em 2006, o SPTec oferece apoio e suporte aos parques tecnológicos, com o objetivo de atrair investimentos e gerar novas empresas intensivas em conhecimento ou de base tecnológica, que promovam o desenvolvimento econômico, científico e sustentável do Estado. No Estado de São Paulo, existem 28 iniciativas para implantação de Parques Tecnológicos, sendo: cinco (5) com credenciamento definitivo no Sistema (São José dos Campos, Sorocaba, Ribeirão Preto, Santos e Piracicaba); 14 com credenciamento provisório (Araçatuba, Barretos, Botucatu, Campinas (três iniciativas: Polo de Pesquisa e Inovação da Unicamp, CPqD e CTI-TEC), Ilha Solteira, Santo André, São Carlos (duas iniciativas: ParqTec e Eco Tecnológico), São José do Rio Preto, São Paulo (duas iniciativas: Jaguaré e Zona Leste) e Univap-São José dos Campos e nove em estudos (Campinas - Ciatec, Rio Claro, Americana, Santa Bárbara D’Oeste, Grande ABC, Guarulhos, Jundiaí, Pirassununga e Bauru).

Incentivos estaduais
As empresas que se instalarem em parques tecnológicos do SPTec, que possuem credenciamento definitivo, poderão participar do programa estadual de incentivos fiscais, chamado Pró-Parques. Instituições de apoio e empresas de base tecnológica poderão utilizar créditos acumulados de ICMS ou diferir o imposto para pagamento de bens e mercadorias a serem utilizados na realização de investimentos e no pagamento de ICMS relativo à importação de bens destinados ao ativo imobilizado.

Como fazer parte do SPTec
Para fazer parte do SPTec, a prefeitura ou a entidade gestora do parque tecnológico deve encaminhar um ofício à Secretaria de Desenvolvimento Econômico, Ciência e Tecnologia (SDECT) e solicitar sua inclusão no sistema. Após a aprovação dos documentos, o credenciamento é efetuado por meio de uma resolução válida por dois anos. Para a obtenção do credenciamento provisório no sistema, o interessado (deve enviar à SDECT: comprovação de propriedade de uma área de no mínimo 200 mil m²; documento manifestando o apoio à implantação do parque subscrito por empresas locais, bem como centros e instituições de ensino e pesquisa; apresentação de projeto básico do empreendimento, contendo o esboço do projeto urbanístico e estudos prévios de viabilidade econômica, financeira e técnico-científica e a apresentação de requerimento por parte da pessoa jurídica justificando o pleito. 
Fonte: Secretaria de Desenvolvimento Econômico, Ciência e Tecnologia (SDECT)

Comitê Olímpico Brasileiro (COB) proibe o uso da palavra "olimpíadas" para designar competições científicas.

"Ilustríssimo Senhor
 
CARLOS ARTHUR NUZMAN
 
Presidente do Comitê Olímpico Brasileiro (COB)
 
Senhor Presidente, 
 
A Sociedade Brasileira para o Progresso da Ciência (SBPC), entidade civil, sem fins lucrativos nem cor político-partidária, que atua em defesa do avanço científico e tecnológico do Brasil e a Academia Brasileira de Ciências (ABC), receberam com espanto e indignação a informação de que o Comitê Olímpico Brasileiro (COB) notificou extra-judicialmente a Universidade Estadual de Campinas (Unicamp) pelo uso supostamente indevido da palavra "olimpíada", no nome da competição que organiza, a Olimpíada Nacional em História do Brasil.
 
Ninguém ignora a importância dessas competições científicas - no país já existem 18 delas - para a divulgação da ciência e o aumento do interesse dos jovens pelas atividades científicas, o que é fundamental para o desenvolvimento tecnológico de qualquer nação e o bem estar econômico e social de sua população.
 
Sem esquecer que jovens que vencem as olimpíadas nacionais depois vão participar de competições internacionais. E muitos deles têm se destacado, contribuindo para divulgar o nome do Brasil e da ciência e educação do país. É o caso, por exemplo, do jovem Matheus Camacho, de 14 anos, aluno de uma escola de São Paulo, que acaba de conquistar em Teerã, uma medalha de ouro na Olimpíada Internacional de Ciências, concorrendo com estudantes de 28 países. 
 
Por isso, a proibição do uso da palavra "olimpíadas" para designar competições científicas é uma situação que se configura mais despropositada ainda, quando se sabe que a palavra é empregada mundialmente para designar competições científicas, tais como International Mathematical Olympiad, Math Olympids for Elementray and Midde Schools, The British Mathematical Olympiad Sibtrust, Science Olympiad, entre muitas outras.
 
Assim, a SBPC e a ABC não concordam com a decisão do  COB de ter a exclusividade do uso da palavra "olimpíada", pois significará um retrocesso trazendo em prejuízo a todas as tradicionais olimpíadas educacionais (matemática, ciências, língua portuguesa, química, astronomia entre outras) que se realizam no Brasil há anos.               
Sempre prontas a defender a ciência e a educação brasileira, a SBPC e a ABC subscrevem,
 
Atenciosamente,
 
Presidente da SBPC
 
Presidente da ABC"

Economismo,corporativismo e populismo:As três pragas da educação brasileira!


O que sobrou da sala de aula

Já foi o tempo em que a educação fazia parte do cardápio de otimismos que se costuma apresentar nas passagens de ano. No último meio século, a educação pública e gratuita, que garantira a formação de grandes nomes e grandes competências nas várias profissões, que assegurara o grande salto da sociedade escravista à sociedade moderna, foi progressivamente diminuída e até injustamente satanizada em nome de interesses que não são os do bem comum. O estado de anomia em que se encontra a educação brasileira pede, sem dúvida, a reflexão crítica dos especialistas, mas uma crítica que a situe na trama própria de tendências problemáticas da modernidade sem rumo para que seja compreendida e superada. 

A educação brasileira foi atacada por três pragas que subverteram a precedência do propriamente educativo na função da escola e do processo educacional: o economismo, o corporativismo e o populismo. O economismo na educação não distingue entre uma escola e uma fábrica de pregos. A pedagogia do economismo confunde aluno com produto e trata a educação e o educador na perspectiva da produtividade, da coisa sem vida, da linha de produção. Importam as quantidades da relação custo-benefício. Não importa se da escola não sai a pessoa propriamente formada, transformada. Importam os números, os índices, os cifrões. Presenciei os efeitos dessa mentalidade na apresentação de um grupo de militantes da causa das cotas raciais perante o conselho universitário de uma das três universidades públicas de São Paulo, de que sou membro. Aliás, nenhum deles propriamente negro: "Não queremos vagas em qualquer curso; queremos em engenharia e medicina, cursos que dão dinheiro", frisaram. 

Quer o governo que os royalties do pré-sal sejam destinados à educação e nem temos certeza de que isso acontecerá. Os políticos têm outras prioridades, especialmente a das urnas. Já estamos gastando o dinheiro que ainda não saiu do fundo do mar. Mas não sabemos em que esse dinheiro fará o milagre de transformar, expandir e melhorar a educação brasileira e de elevar substancialmente o nível da formação cultural das novas gerações. Dinheiro não educa. Quem educa, ainda hoje, é o educador. É inútil ter máquinas, computadores, tecnologia, maravilhas eletrônicas na sala de aula se, por trás de tudo isso, não houver um educador. Se não houver aquele ser humano especializado que faz a ligação dinâmica entre as possibilidades biográficas do educando e os valores e requisitos de um projeto de nação, a nossa comunidade de destino. Se não houver, sobretudo, a interação viva entre quem educa e quem é educado, se não houver a recíproca construção de quem ensina e de quem aprende. Se não houver a poesia deste verso de Vinicius de Moraes: "E um fato novo se viu que a todos admirava: o que o operário dizia, outro operário escutava".

O corporativismo transformou o professor de educador em militante de causa própria porque a serviço da particularidade da classe social e não a serviço da universalidade do homem. Não há dúvida de que o salário que valorize devidamente o educador e a educação é uma das premissas da revolução educacional de que carecemos. Do povoado do sertão ao câmpus universitário da metrópole, o educador tem carências que não são as carências do Fome Zero. Educação não é farinha de mandioca. "Quem não lê, mal fala, mal ouve, mal vê", dizia Monteiro Lobato, em relação a um item da cesta básica do educador. Fome de educador não é fome de demagogo nem pode ser. Privá-lo dos meios para se educar, reeducar e poder educar é desnutri-lo.

A partidarização de todos os âmbitos da sociedade brasileira, até da religião, levou para dentro da educação os pressupostos da luta de classes. O militante destruiu o educador, drenou da educação a seiva vital que lhe é necessária para ser instrumento de socialização, de renovação e de criação social. A educação só o é na perspectiva dos valores da universalidade do homem, como instrumento de humanização e não como instrumento de segregação e de polarização ideológica, instrumento do que separa e não instrumento do que junta. Na escola, a ideologia desconstrói a escola em nome do que a escola não é.

O populismo, por sua vez, transformou a educação em meio de barganha política, instrumento de dominação, falsificação de direitos em nome de privilégios. O direito que nega a universalidade do homem nega-se como direito. Pela orientação populista, o importante não é que saiam da escola alunos bem formados, capazes de superações, gente a serviço do País. Nas limitações desse horizonte, o importante é que da escola saiam votos, obediências, o ser carneiril das sujeições, e não o cidadão das decisões. 

A escola vem sendo derrotada todos os dias, do jardim da infância à universidade, pela educação difusa e extraescolar dos poderosos meios de produção e difusão do conhecimento que já não estão nas mãos do educador. A escola é cada vez mais resíduo de poderes e vontades que estão longe da sala de aula.

Autor :JOSÉ DE SOUZA MARTINS É SOCIÓLOGO, PROFESSOR EMÉRITO DA USP
Publicado no Jornal  O Estado de São Paulo em  30/12/2012 .