Testemunho de quem está a terminar um curso de 9 semanas de Introdução à
Astronomia e na 4ª semana de outro curso de 10 semanas, em Genética e
Evolução da Coursera: https://www.coursera.org/
A minha formação base é Engenharia Física e
Materiais da Universidade Nova, já lá vão mais de 20 anos. Iniciei o meu
trabalho em fábricas, fiz mestrado em áreas mais propensas a esse mundo
fabril e depois mudei para a área de serviços e tornei-me acima de tudo
gestor. Seguiu-se MBA e muitos outros cursos de atualização.
Tudo
isto, para dizer que tenho investido sempre na formação em formato dito
tradicional e de alguma maneira sempre com um objetivo de adicionar
conhecimentos em áreas que também contribuíam para uma evolução
profissional.
No caso destes cursos a minha motivação é diferente.
São pelo puro conhecimento sem sentido utilitário na minha vida
profissional e nem sequer me interessa o certificado, que existe se se
cumprir a avaliação (eu apenas a cumpro pelo desafio mas há quem o faça
porque lhe interessa o certificado, independentemente do reconhecimento
que tenha). E os cursos são excepcionais! A minha experiência é apenas
de dois cursos; em ambos há grande profundidade, complexidade, exigência
de trabalho (o de astronomia muito trabalho mesmo – atenção a quem o
pretenda fazer pois deve contar com o dobro do tempo que é referido). O
nível, neste caso é pré-universitário (só para permitir a pessoas com
menos conhecimentos de matemática poderem aderir), mas há cursos de
todos os tipos, temas e níveis.
Há também mecanismos de
interação, como os hangouts, em que se colocam a falar alguns alunos com
os professores através de vídeo, chat e email; há a curiosidade dos
fusos horários nestes hangouts que são sempre na madrugada de alguém; há
os prazos de entrega com base no fuso horário da costa leste dos
Estados Unidos; há os fóruns de discussão que colocam os milhares de
alunos (mais de 6000 no de astronomia e mais de 20000 no de genética) de
todo o mundo (mesmo todo!) em interação incluindo professores; há a
descoberta do limite da ética e do código de conduta que todos são
obrigados a assinar e que se vê violada (ou quase) algumas vezes, quando
nas discussões sobre os problemas há alunos que se aproximam tanto de
revelar a solução que só não dão o resultado final; Há coisas
engraçadíssimas, como por exemplo intervenções de pessoas que, no meio
da profundidade, até matemática, das suas intervenções nos fóruns se
nota alguma imaturidade e resolvemos tentar saber um pouco mais dessa
pessoa entrando no seu perfil e descobrimos ser um miúdo de 12 anos do
Paquistão; Há ainda o caso do Hangout programado para alunos menores de
18 e que não pode acontecer porque a ferramenta da Google exigia ser
usada por maiores; Enfim, um “Admirável Mundo Novo”.
Os meios que
cada professor usa são semelhantes, mas a abordagem é diferente e os
métodos de avaliação também, desde só trabalhos até trabalhos e testes.
As plataformas são bastante sofisticadas e não vejo nestes meios uma
redução do papel do professor. Diria mesmo que a exigência é enorme
sobre estes. Não há aula em que não saia uma errata com correcções ao
que o professor disse.
Tudo isto vindo de professores de topo,
cheios de entusiasmo em estar a participar nisto e que, mesmo sendo
gratuito e vendo-se que isto não os aliviou do seu trabalho normal, se
mostram disponíveis e empenhados.
Claro que só funciona para alunos
motivados, mas creio que estes meios, estarão certamente no cerne da
educação no futuro, num papel principal ou complementar.(Testemunho de Zurk-Portugal Lisboa)
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