Nayara Fraga, de O Estado de S. Paulo em 13 de março de 2013
As vagas de emprego para profissionais de
tecnologia da informação e comunicação (área conhecida pela sigla TIC)
estarão sobrando, em centenas de milhares, daqui a dois anos.
Especialmente no campo de redes e conectividade, o número de cadeiras
vazias triplicará, segundo estudo da consultoria IDC encomendado pela
Cisco. As 39,9 mil posições não preenchidas em 2011 subirão para 117,2
mil em 2015. Isso significa que a demanda por trabalhadores excederá em
32% a oferta.
Segundo o executivo, apenas para a área de redes, o País tem cerca de 22 mil novos formandos a cada ano, enquanto a demanda é por 40 mil. Essa disparidade acaba provocando as distorções típicas do segmento da tecnologia, em que profissionais em início de carreira recebem salários equivalentes, na teoria, a posições seniores. Há casos em que um gestor de segurança chega a receber mais de R$ 20 mil.
Segurança da informação é uma das áreas mais importantes e difíceis de serem preenchidas. Segundo a empresa PromonLogicalis, integradora de soluções de TICs, a situação piora ainda mais quando se busca profissionais fora do eixo Rio-São Paulo. Uma das saídas que a companhia encontrou para driblar essa carência de trabalhadores capacitados foi investir na educação de profissionais de nível júnior, pagando parte de cursos em universidades. É uma forma de prepará-los para assumir posições mais desafiadoras.
Lucas Pinz, funcionário da PromonLogicalis, entrou na empresa aos 18 anos de idade, com pouco conhecimento do mercado. Hoje, aos 31, é gerente de tecnologia e tem a responsabilidade de desenvolver soluções complexas. "Vejo que os estudantes saem das universidades com pouco conhecimento prático do setor", diz. As razões, para Pinz, estão na grade curricular defasada nas universidades e na falta de diálogo entre as empresas e as universidades.
Educação. A reversão da falta de mão de obra poderá ocorrer, para muitos analistas do mercado, quando houver incentivos para que crianças sejam apresentadas ao mundo da tecnologia ainda nas escolas - e, assim, desenvolvam interesse por alguma das áreas do conhecimento que, por exemplo, podem ser úteis para o campo de rede e conectividade (engenharia elétrica, engenharia de telecomunicações, ciência da computação, entre outras).
O governo brasileiro tem um programa para levar computadores para escolas, incluindo tablets. Mas a familiaridade com esse tipo de equipamento não estimula necessariamente o aprendizado que poderia, no futuro, contribuir para amenizar a escassez de mão de obra em TI. O Brasil ficou em 57.º lugar em matemática entre 65 economias do mundo, de acordo com o Programa Internacional de Avaliação de Alunos (Pisa) feito em 2009. Matemática é um conhecimento necessário para o aprendizado da programação de softwares.
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