"Segundo
a Constituição Federal de 1988, o Brasil no século XXI é organizado da
seguinte maneira: a República Federativa do Brasil, formada pela União
indissolúvel dos Estados e Municípios e do Distrito Federal,
constituindo Estado Democrático de Direito. A construção de uma
identidade nacional, do processo de independência e da formação de uma
república, foi difícil, penosa, e até mesmo podemos dizer dolorosa.
A
História nacional passa a ser contada a partir de 1500, com a chegada
de Pedro Álvares Cabral ao país em 22 de abril de 1500. Esse é o marco
precursor do Brasil, mesmo tendo evidências de termos sido visitados
anteriormente por wikings, chineses e por Vicente Pizón, navegador
espanhol que posteriormente integrou a primeira armada de Cristóvão
Colombo,teria chegado ao Norte do País, ficando a terra descoberta
conhecida como “Santa Maria da Consolação”. A versão é de que Pizón
teria avistado o Rio Amazonas e pela dimensão do rio ter pensado que se
tratava de um mar e ao provar a água, teria pronunciado: “A Água desse
mar é doce”, assim denominado: “Mar Dulce”.
Como
se pode perceber as evidências sobre a verdadeira origem do Brasil são
muitas vezes contestadas, o próprio tratado de Tordesilhas de 1494, que
servia para dividir terras descobertas e a descobrir, era um forte
indício de que seriam encontradas novas terras, a disputa para definir
se a primeira terra a ser avistada foi o cabo de Santo Agostinho
(Pernambuco) ou a ponta do Mucuripe (Fortaleza) serve para defender que o
Brasil pertencia à Espanha. O certo é que em janeiro de 1500 essas
terras, hoje incorporadas ao Brasil, faziam parte da Espanha.
O
fato concreto e sem proselitismos patrióticos é que em abril de 1500,
Pedro Álvares Cabral, mesmo sabendo que o Brasil não foi descoberto e
sim explorado, pois nativos já habitavam o território, povos que mais
tarde seriam chamados de índios pela historiografia e Pinzon haveria
capturado alguns indigenas para levar em sua fragata. Ao que tudo indica
Cabral teria se perdido em alto mar a procura das Índias e, ao avistar
terra firme, achou que chegara as Índias nomeando aos que o recebiam de
índios. O Rei de Portugal poderia ter enviado outros homens para
mercantilizar com as Índias e, por que enviar Cabral que era um
especialista em alto mar? Cabral não seria recebido nas Índias como foi
recebido no Brasil, esperando cerca de três dias para descer em terra
firme, esses fatos servem para demonstrar que já se sabia da existência
do Brasil, que diga-se de passagem era o nome do pau-brasil, uma arvore
nativa que ao ser partida ao meio tem ao centro cor parecida com brasa, e
o diminutivo de brasa, na época, era brasil.
A Colônia
A
partir de abril de 1500 o Brasil fazia parte da colônia de Portugal, e
comumente neste período havia saques de piratas de várias partes do
mundo à terras exploradas, a navios, etc... Assim era necessário que
Portugal marcasse território, o governo do Rei D.João III, percebeu que
seria mais fácil descentralizar o poder estatal e decidiu dividir as
terras, formando capitanias. Cabral teria aportado aqui cerca de dois
meses após Pinzon.
Essas
capitanias eram hereditárias, ou seja, passadas de geração a geração,
na verdade funcionavam como uma concessão de terras que eram doadas pelo
Reino português a família de nobres para que povoassem e administrassem
a colônia, com o objetivo de conseguir lucro e proteger a terra de
invasões. A população no Brasil era de cerca de 70.000 habitantes, o que
significa que não ouve sentimento de pátria. Os índios também não
tinham sentimento patriótico já que essa organização e modo de pensar
não faziam parte do modo de vida deles, eles queriam apenas suas terras
sagradas e viver livres de incomodação.
O
fato de ser perigoso, caro e não produtiva a colônia fez com que muitos
nobres desistissem do negócio, assim o governo de Portugal resolveu
criar os governos-gerais, que era um cargo nomeado pelo Rei. Era o cargo
mais alto e importante da colônia, assim a capital nesse momento seria
Salvador na Bahia. Também foram criadas as câmaras municipais como
medida de descentralização administrativa, no intuito de tentar manter o
controle de Portugal.
Nesse
momento é possível identificar que o objetivo não era apenas de
explorar, era também de povoar, mas povoar para lucrar e proteger, assim
são criadas as cidades de Recife e Rio de Janeiro. Os jesuítas
colaboram com este processo, mesmo se sabendo que o objetivo seria
converter índios e servir de certa forma a coroa.
O
Pacto Colonial firmou ainda mais o compromisso de enviar portugueses às
terras novas, no intuito de iniciar uma cultura agrária, principalmente
açúcar. O Brasil foi o maior exportador de açúcar dos séculos XVI e
XVII, assim as primeiras povoações não-portuguesas, foram africanas e
holandesas. Porém, o pacto deixava bem claro que a Colônia só podia
negociar com a Metrópole, e com isso começava a surgir alguns
descontentamentos e alguns comerciantes já insatisfeitos com a
metrópole, um breve sinal de sentimento nativo, motivado por interesses
econômicos.
A
metrópole então dependia muito da colônia, e agora com o litoral
povoado e protegido, produzindo muito, era hora de desbravar o interior
do Brasil. Foram criados os “Bandeirantes”, que eram sertanistas, eram
índios aliados aos portugueses, caboclos, e outros homens conhecedores
das terras brasileiras. Pode-se falar aqui de conhecimento geográfico da
terra, além de astrologia, geologia, podendo assim imaginar o que seria
possível encontrar nessas terras despovoadas até então. Aqui já há
indícios de formação da identidade, de um conhecimento, mas não
autonomia. Também não eram nobres que desbravavam as matas, não eram
cultos, e sim gente conhecedora de terras mas sem alto poder aquisitivo,
assim como boa parte da civilização brasileira durante toda a sua
história.
O
objetivo até aqui não é citar apenas fatos como os tratados, ou como a
economia e sim respaldar os fatos que geraram o povoamento no Brasil, e a
construção de uma identidade, mesmo sendo colônia, para mais tarde
quando for citada a República podermos fazer uma avaliação de
nacionalidade. É evidente que a partir do momento em que se criam raízes
é difícil retornar a situação de origem, os corajosos portugueses que
vieram no inicio da colonização, tiveram filhos aqui, comercializavam e
trabalhavam, mais cedo ou mais tarde iriam requerer direitos,
independência, como realmente veio a acontecer.
Se o Brasil foi descoberto ou explorado, se foi Cabral ou Pinzon, nessa terra se plantando tudo dá.(Texto do Prof. Vítor Andrade)
Infelizmente neste momento do Brasil tem mais gente querendo colher do que plantar(Helio Dias)
Brasil terra de descobridores ou EXPLORADORES?(Helio Dias)
“Fracassei em tudo o que tentei na vida.
Tentei alfabetizar as crianças brasileiras, não consegui.
Tentei salvar os índios, não consegui.
Tentei fazer uma universidade séria e fracassei.
Tentei fazer o Brasil desenvolver-se autonomamente e fracassei.
Mas os fracassos são minhas vitórias.
Eu detestaria estar no lugar de quem me venceu"
Darcy Ribeiro