domingo, 24 de fevereiro de 2013

Astronomia ajudando no combate do Cancer!

Astronomical algorithms for automated analysis of tissue protein expression in breast cancer

H R Ali, M Irwin, L Morris, S-J Dawson, F M Blows, E Provenzano, B Mahler-Araujo, P D Pharoah, N A Walton, J D Brenton and C Caldas
Background:
High-throughput evaluation of tissue biomarkers in oncology has been greatly accelerated by the widespread use of tissue microarrays (TMAs) and immunohistochemistry. Although TMAs have the potential to facilitate protein expression profiling on a scale to rival experiments of tumour transcriptomes, the bottleneck and imprecision of manually scoring TMAs has impeded progress.

Methods:
We report image analysis algorithms adapted from astronomy for the precise automated analysis of IHC in all subcellular compartments. The power of this technique is demonstrated using over 2000 breast tumours and comparing quantitative automated scores against manual assessment by pathologists.

Results:
All continuous automated scores showed good correlation with their corresponding ordinal manual scores. For oestrogen receptor (ER), the correlation was 0.82, P<0.0001, for BCL2 0.72, P<0.0001 and for HER2 0.62, P<0.0001. Automated scores showed excellent concordance with manual scores for the unsupervised assignment of cases to ‘positive’ or ‘negative’ categories with agreement rates of up to 96%.

Conclusion:
The adaptation of astronomical algorithms coupled with their application to large annotated study cohorts, constitutes a powerful tool for the realisation of the enormous potential of digital pathology.

Source: British Journal of Cancer 108, 602-612 (19 February 2013)

sábado, 23 de fevereiro de 2013

A profissionalização da função pública!



“A política talvez seja a única profissão em relação à qual se considera que nenhuma formação prévia é necessária”
Robert Louis Stevenson (1850-1894)
Autor do texto abaixo:Francisco Ferraz
A política é uma profissão porque o político é um profissional da vida pública. Não é esta, entretanto, a concepção dominante sobre a atividade política. Há muita dificuldade em encarar a política como uma carreira profissional, tanto da parte da opinião pública em geral, como da parte dos próprios políticos.

A origem do poder executivo é a monarquia, e a do legislativo as Câmaras de nobres, e mais tarde de nobres e burgueses. Estas origens marcaram a política como uma atividade “desinteressada” , “amadorista” , um “incômodo” que os bens nascidos tinham que suportar, em razão da responsabilidade/prerrogativa historicamente atribuída a eles de governar o povo.

Por estas razões era inconcebível a idéia de remunerar estas atividades. Na época, somente recebiam remuneração fixa e regular, os empregados, os subalternos. Um governante, um parlamentar (de extração nobre ou burguesa) não poderia então ser submetido a este constrangimento que, além de desnecessário era percebido como humilhante.

A primeira manifestação verdadeiramente séria em prol de um tratamento profissional da atividade política ocorreu na Inglaterra em Maio de 1838, no bojo do Movimento Cartista em sua primeira fase. Este movimento operário e popular recebeu o nome de Cartista porque recolheu 1.200.000 assinaturas em favor de uma Petição à Nação, que ficou conhecida como a Carta do Povo.

Nesta Carta que foi entregue ao Parlamento Inglês, e , por este rejeitada, os cartistas reivindicavam 5 pontos:

1.Sufrágio universal
2.Voto secreto
3.Parlamentos anuais
4.Justa e adequada remuneração aos parlamentares
5.Eliminação dos requisitos de propriedade para ser candidato

A formulação do argumento em favor da remuneração era o seguinte:

“Os trabalhos de um representante eleito que é zeloso no desempenho de seus deveres são numerosos e onerosos.

Não é nem justo, nem razoável, nem seguro que eles continuem a ser prestados gratuitamente. Nós reivindicamos que, na futura eleição dos membros desta honrada Casa seja destinado a cada um dos representantes eleitos uma justa e adequada remuneração pelo período de tempo em que ele desempenhe suas funções públicas, provida com fundos dos impostos públicos” (Carta do Povo- Maio de 1838)

Embora derrotada pela rejeição do Parlamento, os princípios da “Carta do Povo” que, na sua maioria, também integraram o ideário da Revolução Americana e Francesa, acabaram se impondo.

A “marca de nascimento” aristocrática das funções de governo e representação, entretanto, perdurou até os nossos dias.

É ela que impede que se encare a atividade política como uma atividade profissional, como uma carreira pública, onde o “patrão” é o povo, que seleciona o ingresso, fixa as promoções e remove das funções seus escolhidos, pelo exercício livre e soberano de sua vontade no voto.

O fato entretanto é que continua existindo uma contradição ainda não resolvida, entre a visão aristocrática (residual mas ainda em existência) e a realidade da atividade política, que opera em detrimento da imagem que se faz da política e dos políticos.

Assumir a função política como uma carreira profissional, com as mesmas exigências de atualização e qualificação das outras, seguramente contribuirá para elevar a qualidade dos nossos representantes eleitos, para recuperar a desgastada imagem das instituições políticas, e finalmente, para aperfeiçoar a democracia.

Um livro que recomendo:O meio ambiente e as energias renováveis


sexta-feira, 22 de fevereiro de 2013

Misconduct accounts for the majority of retracted scientific publications


Abstract

A detailed review of all 2,047 biomedical and life-science research articles indexed by PubMed as retracted on May 3, 2012 revealed that only 21.3% of retractions were attributable to error. In contrast, 67.4% of retractions were attributable to misconduct, including fraud or suspected fraud (43.4%), duplicate publication (14.2%), and plagiarism (9.8%). Incomplete, uninformative or misleading retraction announcements have led to a previous underestimation of the role of fraud in the ongoing retraction epidemic. The percentage of scientific articles retracted because of fraud has increased ∼10-fold since 1975. Retractions exhibit distinctive temporal and geographic patterns that may reveal underlying causes. 



Source :Fang, F. C., Steen, R. G. & Casadevall, A. Proc. Natl Acad. Sci. USA http://dx.doi.org/10.1073/pnas.1212247109 (2012).




Links to secondary sources:

60 Minutes ( http://www.cbsnews.com/sections/60minutes/main3415.shtml)
Associated Press ( http://www.ap.org/)
Biochemistry ( http://pubs.acs.org/journal/bichaw)
Blood ( http://bloodjournal.hematologylibrary.org/)
British Medical Journal ( http://www.bmj.com/)
Cambridge Quarterly of Healthcare Ethics (http://journals.cambridge.org/action/displayJournal?jid=CQH)
CardioBrief (http://cardiobrief.org/)
Cell Calcium (http://www.journals.elsevier.com/cell-calcium/)
JAMA (http://jama.jamanetwork.com/journal.aspx)
Journal of Immunology (http://www.jimmunol.org/)
Nature (http://www.nature.com/nature/index.html)
New York State Board for Professional Medical Conduct (http://www.health.ny.gov/professionals/doctors/conduct/)
New York Times (http://www.nytimes.com/)
Office of Research Integrity (http://ori.hhs.gov/)
Retraction Watch (http://retractionwatch.wordpress.com/)
Science (http://www.sciencemag.org/)
Science News (http://www.sciencenews.org/)
State of New York Department of Health (http://www.health.ny.gov/)
The Scientist (http://www.the-scientist.com/)

O que é a Pátria?


quinta-feira, 21 de fevereiro de 2013

Insper:A partir de 2015 oferecerá cursos de engenharia, com foco em empreendedorismo!

Entrevista de Claudio Haddad concedida a Érica Fraga da Folha de São Paulo em 17 de fevereiro de 2013 

O que atraiu o sr. para a área de educação?
Sempre achei a educação muito importante. Eu sou filho de professores. Estudei engenharia, mas tenho um doutorado em economia e foi à economia que eu dediquei minhas atividades. Também sou preocupado com o desenvolvimento econômico da sociedade.A educação é sem dúvida um dos principais fatores que aumentam a produtividade e tornam os cidadãos mais eficazes e, consequentemente, melhoram as instituições e uma série de outras coisas que também resultam em um maior crescimento e desenvolvimento econômico.

Por que o sr. transformou o Insper em uma instituição sem fins lucrativos?
Achava importante deixar um legado para o país. Os dois modelos [com fins lucrativos e sem fim lucrativos] são válidos. Mas há diferenças. Nas instituições com fins lucrativos o foco tem de ser em algo que dê rentabilidade, ao passo que o sem fins lucrativos busca rentabilidade social.

Qual será o modelo dos cursos de engenharia do Insper?
A ideia é trazer a tecnologia para complementar toda nossa área de gestão, economia, liderança, empreendedorismo. Achamos que essa combinação é muito interessante. Acho que, para a cidade de São Paulo, seria muito importante esse projeto. O nosso objetivo é formar engenheiros empreendedores.

Como se diferenciar do curso tradicional de engenharia?
Primeiro, é um novo modelo de ensino de engenharia, que segue o modelo de uma faculdade nova nos EUA, chamada Olin, em que o engenheiro se envolve em projetos desde o início, tem curso de empreendedorismo.Esse é um modelo que falta no Brasil. O curso de engenharia hoje é bastante teórico. Há um alto grau de abandono durante o curso e poucos engenheiros trabalham com engenharia após se formar.
O mundo atual precisa de pessoas com cabeça multidisciplinar e aberta. Hoje, um engenheiro não é só quem dá uma opinião técnica. Precisa entender o que é importante para a sociedade.

A captação de recursos privados para viabilizar esses novos cursos já terminou?
Precisávamos de R$ 80 milhões e arrecadamos R$ 84,5 milhões. Agora, vamos entrar em uma nova fase, em que podemos aceitar novas doações, como de equipamentos para montagem de laboratório, e de recursos para o fundo de bolsas.

Como funcionam as bolsas?
Hoje temos uns 110 alunos com bolsa, de cerca de 1.500 [na graduação]. As bolsas variam de 30% a 100%. A bolsa média é em torno de 65%. Hoje, nenhum aluno deixa de estudar no Insper por problema financeiro.

O Insper poderia então oferecer mais bolsas?
Poderia. Eles só precisam passar no vestibular.

E por que o número de bolsistas não é maior, então?
Infelizmente, o modelo brasileiro é muito concentrador. As melhores escolas são privadas e algumas cobram uma mensalidade que não é muito distante da nossa.Por isso muitos alunos desconhecem a existência do programa de bolsas. Acham que o Insper é escola só para ricos. Não é. E a gente nem quer que seja. Justamente por isso temos esse programa, que já deu muitas bolsas, inclusive de 100%.Estamos de portas abertas para qualquer aluno que mostre capacidade para entrar, independentemente de sua situação financeira.O problema é que você tem uma quantidade pequena. Se houvesse mais alunos mais bem preparados, talvez houvesse um número maior de candidatos. Também há alunos bons de outros Estados que, por causa do vestibular, precisam vir até aqui. Isso torna o custo maior.

Existe alguma iniciativa para ampliar a fatia de bolsistas?
Estamos considerando reservar um percentual das vagas com base nas notas no Enem. Mas é uma ideia em estudo. O problema é que o Enem, hoje, é pouco prático para nós, porque seu resultado sai muito tarde.

É verdade que o sr. tem aversão a recursos públicos?
Não, isso é mito. Acho que a coisa funciona mais com o dinheiro privado.Se as pessoas estão botando dinheiro naquele projeto, é porque o projeto é realmente importante. Não que o governo não faça coisas importantes. Mas é diferente. Você no governo está gastando o dinheiro de outras pessoas. Então, você tem considerações políticas que não levam em conta apenas a eficiência daquele projeto.Agora, em certas áreas -como verbas para pesquisa-o dinheiro público é importante, e nós pegamos.

O sr. acha que a economia brasileira vai mal?
Acho que o diagnóstico está muito voltado para a demanda. Mas o problema maior do Brasil hoje é oferta.
Há uma série de gargalos que precisariam ser enfrentados. Estamos ainda sendo beneficiados pelo bônus demográfico, mas isso vai acabar em umas duas décadas. Então, mais do que nunca é importante continuarmos com aquele processo de reformas.Isso, infelizmente, no segundo mandato do governo Lula, deu uma parada. Agora, aparentemente, o governo está com boas intenções. Mas, na prática, os resultados ainda não têm acontecido.E a ênfase grande em demanda se provou, até agora, errada e pode gerar problemas para o futuro. A combinação de políticas macroeconômicas que nos deu estabilidade é uma coisa muito importante, que deveria ser mantida.

O chamado tripé macroeconômico está sendo abandonado?
Não acho que esteja sendo abandonado, mas as decisões do governo têm provocado muita incerteza no mercado e nos investidores.Está havendo uma flexibilização excessiva do tripé, principalmente na área fiscal, em função dessas manobras contábeis para garantir um superavit. Isso tem gerado muito ruído. Na prática, a inflação continua muito controlada. As contas públicas ainda parecem em ordem. Mas é uma tendência não muito encorajadora.A prioridade deveria ser melhorar a produtividade. As condições de oferta são melhoradas com reformas e melhoras em infraestrutura, ambiente de negócios favorável, menos incerteza regulatória. A educação também é fundamental. Precisamos de gente capaz.

O que poderá ocorrer se essas reformas não forem feitas?
Acho que tem muita coisa boa andando no Brasil. A economia não vai entrar em colapso. Mas acho que talvez a gente continue com crescimento baixo, em torno de 2%, 3%. Para o Brasil, é muito baixo. Acho que o Brasil pode ter perfeitamente uma taxa de crescimento em torno de 5%.


Quem é Claudio Luiz da Silva Haddad:
Presidente do Insper Instituto de Ensino e Pesquisa, entidade sem fins lucrativos, e do respectivo Conselho Deliberativo. Presidente do Conselho do Grupo Ibmec S.A., entidade mantenedora das Faculdades Ibmec Rio de Janeiro, Minas Gerais, Brasília e das Faculdades Veris. Membro do Conselho de Administração da BM&F Bovespa, da Ideal Invest S.A., do Instituto Unibanco e do Hospital Israelita Albert Einstein. Presidente do Conselho do Brazil Harvard Office, do David Rockfeller Center for Latin American Studies.
Sócio e Diretor Superintendente do Banco Garantia (83-98). Diretor do Banco Central do Brasil (80-82).
Professor de economia da Escola de Pós-Graduação de Economia, Fundação Getúlio Vargas (1974-1984). Ph.D. em Economia, Universidade de Chicago (74), M.A. Universidade de Chicago (72), OPM, Harvard Business School (87), Engenheiro Mecânico e Industrial, Instituto Militar de Engenharia (69).
  Quem é Irineu Gustavo Nogueira Gianesi :
Diretor de Novos Projetos Acadêmicos do Insper e  responsável pelo projeto e implantação de novos programas acadêmicos de graduação e pós-graduação em tempo integral. Anteriormente e por oito anos, foi responsável pelos programas de pós-graduação lato sensu do Insper Instituto de Ensino e Pesquisa, incluindo os programas de MBA Executivo, Certificates e LLM, coordenando também os processos de certificação internacional da escola. Professor do Insper nos programas de MBA Executivo, Graduação e Educação Executiva. Está cursando o doutorado na Cranfield University, Reino Unido. Tem Mestrado em Engenharia de Produção pela Escola Politécnica da USP e especialização em Administração pela EAESP da Fundação Getúlio Vargas. É certificado em “Production and Inventory Management” (CPIM) pela APICS. Conta com uma experiência acadêmica de 24 anos em pesquisa e cursos de graduação, tanto na Escola Politécnica da USP como no Insper Instituto de Ensino e Pesquisa, e em cursos MBA Executivo em escolas de primeira linha de São Paulo. É autor de artigos publicados em periódicos nacionais e internacionais e três livros na área de Operations Management. Conta com experiência de 28 anos como profissional e consultor de empresas como Embraer, Natura, 3M, Unilever, Copersucar, Souza Cruz, Monsanto, Cargill, Rhodia, Tubos Tigre, Accenture, PriceWaterhouse, Ceras Johnson, Itautec-Philco, Hewlett Packard, Embraco, entre outras.

terça-feira, 19 de fevereiro de 2013

Tese de mestrado da USP desvenda fatos desconhecidos da família imperial brasileira!



Veja detalhes deste trabalho fantástico:

http://infograficos.estadao.com.br/public/familiaimperial/amelia.shtml




Autora Valdirene do Carmo Ambiel  
Estudos de Arqueologia Forense Aplicados aos Remanescentes Humanos dos Primeiros Imperadores do Brasil Depositados no Monumento à Independência. Dissertação de Mestrado em Arqueologia (MAE/USP. Universidade de São Paulo, São Paulo, 2013.

Resumo e histórico do trabalho:
 
Este projeto foi de iniciativa própria de Valdirene do Carmo Ambiel que nasceu em 1971, próximo ao Monumento à Independência, no bairro do Ipiranga, na cidade de São Paulo. A hoje arqueóloga Valdirene do Carmo Ambiel passou boa parte de sua infância brincando na área do Monumento e Museu Paulista da Universidade de São Paulo que hoje é conhecida como Parque da Independência. A arqueóloga pode acompanhar pessoalmente, inclusive a chegada dos remanescentes humanos da Imperatriz Dona Amélia de Leuchtenberg a Cripta (ou Capela) Imperial, em abril de 1982.

Junto com estes eventos, ela acompanhou os problemas de infiltração de água no local, e com este problema vieram às preocupações com os efeitos que a umidade poderia produzir aos despojos dos Imperadores: D.Leopoldina, Dom Pedro I e D. Amélia. Daí, em 2010, surgiu à intenção de se fazer um projeto, cujo objetivo seria analisar os efeitos da umidade aos remanescentes humanos, material associado. Fazer um trabalho que buscasse a preservação de parte da história do Brasil, que ali está depositada para as gerações futuras. E buscar alternativas para resolver os problemas de umidade no local. Pois apesar das reformas e obras como a abertura do espaço museológico realizado pelo Departamento do Patrimônio Histórico (DPH) da Prefeitura do Município de São Paulo entre o final dos anos de 1990, início dos anos 2000 terem diminuído o problema de infiltração, a umidade ainda persiste no local.

Desta forma, não houve em nenhum momento uma ‘encomenda’ por parte de qualquer órgão público ou da Família Imperial do Brasil seja para arqueóloga Valdirene do Carmo Ambiel, seja para Universidade de São Paulo para que este trabalho fosse realizado.

Houve sim o apoio da Família Imperial, Departamento do Patrimônio Histórico da Prefeitura do Município de São Paulo (DPH), Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Brasileiro (IPHAN). Mas não uma solicitação formal. Muito pelo contrário, apesar destes órgãos públicos a da Família terem informações sobre o estado em que se encontrava o local, a arqueóloga passou os últimos dois anos buscando as permissões dos mesmos citados acima para a realização destes trabalhos. Toda esta preocupação por parte do DPH, IPHAN e Família Imperial é natural, por se tratar de um assunto que envolve a história e a identidade brasileira e no caso da Família Imperial, por se tratar da história de seus antepassados. 


Acreditamos ser de muita importância que as informações sobre os objetivos deste trabalho sejam levados ao conhecimento público e que fiquem registrados.

Os gastos com os 7 meses de trabalho na Capela Imperial do Ipiranga (23/2/2012 até 6/9/2012) foram arcados pela pesquisadora Valdirene do Carmo Ambiel que recebia o auxílio de bolsa da CAPES e também recebeu apoio e a colaboração do IPEN, do Grupo de Física Aplicada com Aceleradores do Instituto de Física da USP, Departamento de Patologia, Departamento de Radiologia e Serviço de Verificação de Óbitos da Capital da Faculdade de Medicina USP, do Instituto de Ciências Biomédicas (ICB/USP). Da empresa Estúdio Sarasá Conservação e Restauro, além é claro da colaboração de colegas que como pessoas físicas colaboraram com seu conhecimento para o desenvolvimento deste trabalho como profissionais e cientistas, pois além da colaboração das instituições citadas acima, houve a participação de médicos legistas e de um odontolegista e arqueólogo forense, além da troca de informações com colegas pesquisadores do tema. Todas estas colaborações tornaram possíveis as pesquisas realizadas nos remanescentes humanos dos Primeiros Imperadores do Brasil, fazendo deste trabalho uma pesquisa multidisciplinar. Assim, este trabalho contou com recursos próprios, sem que houvesse ônus para o DPH, IPHAN ou mesmo para Família Imperial.

Confira abaixo dez verdades reveladas pela arqueóloga Valdirene do Carmo Ambiel e por pesquisadores da Faculdade de Medicina da USP sobre os ilustres personagens históricos.(Fonte Edison Veiga e Vitor Hugo Brandalise - O Estado de S. Paulo)


1. Dom Pedro I foi realmente enterrado - e não cremado, como afirma texto exposto no interior do Monumento à Independência, no Ipiranga, que abriga a cripta com os restos mortais do imperador e das duas imperatrizes. O estudo arqueológico na cripta afasta de vez a suspeita de que não haveria corpos ali.

2. A segunda mulher de Dom Pedro I, Dona Amélia de Leuchtenberg, foi mumificada. Seu corpo está preservado, inclusive cabelos, unhas e cílios.

3. Dona Leopoldina não teve o fêmur quebrado. Acreditava-se que ela teria caído - ou sido derrubada por Dom Pedro - de uma escada e sofrido uma grave fratura, que teria culminado em sua morte.

4. Dom Pedro I sofreu fraturas em quatro costelas. A causa seriam duas quedas de cavalo, em 1823 e 1829 - ele era um apaixonado por velocidade.

5. Dona Leopoldina foi enterrada com a mesma roupa com que foi coroada imperatriz do Brasil, em 1822. Como único ornamento, usava brincos de ouro com gemas que - presumia-se - eram pedras preciosas. Análise mostrou, no entanto, que são de resina - ou seja, eram bijuteria.

6. Dom Pedro I foi enterrado como Dom Pedro IV de Portugal, com roupas de general. Todas as insígnias encontradas com sua ossada são portuguesas, sem referências em suas vestes ao passado imperial brasileiro.

7. Quando morreu, aos 66 anos, Dona Amélia tinha escoliose severa - desvio na coluna que a fazia andar torta - e osteoporose.

8. Dom Pedro I não era tão alto como se supunha. Ele media entre 1,66 m e 1,73 m - alto para um português da época, mas de mediano para baixo para um homem brasileiro atual.

9. Dom Pedro I foi enterrado com solo da região de Porto, em Portugal. Possivelmente, uma homenagem da cidade ao homem que liderou o "Cerco do Porto" (1832-1833), famoso episódio da guerra pelo trono português, entre liberais e absolutistas.

10. Dona Amélia foi enterrada totalmente de preto. Ela guardou luto por 42 anos, após a morte de Dom Pedro I.